da Reportagem Local

Ao deixar o 1º Tribunal do Júri, o comerciante Jorge da Conceição Soler disse que o adestrador de cães Edson Neris da Silva morreu porque "o pessoal estava muito empolgado".
"Aconteceu muito rápido. O pessoal estava muito empolgado porque tinha muita gente", disse Soler, que também afirmou estar arrependido de ter integrado a gangue Carecas do ABC.
Por ter recebido prisão domiciliar, o comerciante não voltaria mais para a carceragem do 15º DP (Itaim Bibi). Ele foi para casa acompanhado dos pais.
Segundo o juiz José Ruy Borges Pereira, Soler só poderá sair para a rua para trabalhar. Um oficial de justiça passará na casa dele em horários alternativos para verificar se a prisão domiciliar está sendo cumprida.
Soler disse que resolveu prestar um novo depoimento à Justiça porque "não aguentava mais a pressão". "Estava havendo confusão, ameaça. Não dá mais para ficar preso."
Segundo ele, os outros acusados estavam desconfiados de que alguém poderia "falar a verdade sobre o crime".
Soler contou que o grupo costumava se encontrar em uma estação de trem perto de Santo André (ABC paulista).
Ele afirmou que a gangue prega "amor à nação". Em seu depoimento, ele também revelou quem são as principais minorias atacadas pelo grupo. "O foco principal eram os punks e os homossexuais." Negros e nordestinos, de acordo com ele, não são malvistos. Os estrangeiros "que vem se aproveitar do país", segundo ele, não são bem-vistos.
Soler disse que José Nilson Pereira da Silva, que também está preso com os outros acusados, era o responsável por fazer as cartilhas com a ideologia do grupo e distribui-las.
Depois de prestar seu depoimento, Soler disse ao seu advogado, Milton Boneli, que um integrante dos Carecas do ABC, amigo de Juliano Sabino, estava na platéia. Boneli vai informar o fato ao juiz.
Soler disse estar com medo de sofrer represálias, mesmo ficando dentro de casa. "Não vai ser fácil. Outros membros podem querer descontar", afirmou. (AI)



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