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JUSTIÇA
Comerciante mudou depoimento e apontou 5 por morte de Silva; três dos acusados estão em liberdade
Careca acusa 5 por morte de adestrador
ALENCAR IZIDORO
da Reportagem Local
O comerciante Jorge da Conceição Soler, 19, acusou ontem cinco
rapazes pela agressão que resultou na morte do adestrador de
cães Edson Neris da Silva, 35, no
dia 6 de fevereiro, na praça da República (centro de São Paulo).
Soler, que antes havia negado o
crime, disse ao juiz José Ruy Borges Pereira, presidente do 1º Tribunal do Júri, que havia cerca de
30 pessoas com o grupo, incluindo ele, mas que os demais só ficaram olhando o espancamento. O
juiz concedeu a ele o direito à prisão domiciliar.
Entre os que teriam agredido o
adestrador com socos e pontapés
estão Juliano Filipini Sabino, 28, e
Henrique Velasco, 22, presos em
flagrante no dia do crime, com
outras 16 pessoas.
Até ontem de manhã, todas estavam presas na carceragem do
15º DP sob a mesma acusação
-homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e uso de
meio cruel), tentativa de homicídio (contra o operador de telemarketing Dario Pereira Netto,
que conseguiu escapar) e formação de quadrilha.
Segundo Soler, outros dois rapazes que participaram da agressão (que ele identificou como
Igor, menor de idade, e Rodrigo),
foram levados para a delegacia,
mas liberados pelo titular da 1ª
Seccional, Jorge Carrasco.
Um terceiro, conhecido como
Cristiano, não teria sido preso no
bar da Bela Vista onde a polícia
flagrou o grupo.
Pelo menos 11, de acordo com
ele, são integrantes da gangue Carecas do ABC, conhecida por pregar contra minorias.
Questionado pelo juiz sobre o
motivo da agressão, Soler respondeu: "porque eles (Dario e Edson)
estavam de mãos dadas. Eles (Carecas do ABC) não aceitam os homossexuais."
Soler admitiu integrar o grupo e
disse que, dos quatro agressores,
apenas Velasco não era membro.
Dos 18 que estão presos, segundo ele, 8 eram Carecas do ABC. Os
demais teriam se unido à gangue
no dia do crime porque conheciam outros integrantes.
Discussões
Em interrogatório anterior, Soler havia negado o crime. Ele disse
que resolveu contar a verdade
porque seus companheiros estariam brigando na carceragem do
15º DP. "Estava havendo discussões entre nós mesmos."
O depoimento de Soler também
desmente o de todos os outros 17
presos, que, além de negar participação no crime, diziam não ter
passado pela praça da República.
Por ter confessado, Soler poderá ser beneficiado com a redução
de até dois terços da pena.
O juiz José Ruy Borges Pereira
também acatou pedido do promotor Marcelo Milani de manter
Soler em prisão domiciliar.
"Não há estabelecimento carcerário capaz de garantir a segurança do rapaz", justificou Pereira.
Ele também concedeu o pedido
de liberdade provisória ao acusado Onilmar Rocha de Queiroz, 20.
Segundo Pereira, dos 18 acusados,
Onilmar foi o único que não foi
citado pelas testemunhas por participação no crime.
Os outros 16 acusados tiveram
seus pedidos de liberdade provisória negados.
Segundo o promotor Marcelo
Milani, a partir de agora haverá
uma investigação paralela para
encontrar os três rapazes citados
por Soler que não estão presos.
O delegado Jorge Carrasco também será questionado sobre a soltura de dois deles no dia do crime.
"Será verificado se houve prevaricação", disse Milani.
A Folha tentou localizar Carrasco ontem à tarde, mas foi informada de que ele está de férias.
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