São Paulo, domingo, 06 de maio de 2001

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PT promete criar novos espaços

DA REPORTAGEM LOCAL

Para reduzir a "exclusão cultural" dos bairros mais distantes, o secretário municipal da Cultura, Marco Aurélio Garcia, defende a instalação de novos espaços mesmo que improvisados.
"A relação entre falta de equipamentos de lazer e cultura e altas taxas de violência é evidente. Nas áreas do fundão da periferia, vamos instalar mais recursos, nem que seja em prédios improvisados", afirma Garcia.
Antes disso, ele tem o desafio de recuperar as 62 bibliotecas da cidade, que estão sucateadas, com acervos desatualizados e livros que de tão usados já não têm condições para consulta.
Apenas uma tem internet e fica na área nobre de Pinheiros, na avenida Henrique Schaumann.
A Biblioteca Marcos Rey, em Campo Limpo (zona sul), vive uma situação inusitada: é assinante da "Revista da Web", mas não tem nenhum computador e mantém seus registros de usuários e controle de empréstimos em fichas de papel manuscritas.
"As nossas bibliotecas são hoje grandes depósitos de livros velhos", diz Garcia.
O secretário afirma que a prefeitura pretende recuperar os acervos e ainda transformar as bibliotecas em minicentros culturais, com apresentações de vídeo, música, teatro e artes plásticas.
Para funcionários e usuários da Marcos Rey, isso ainda é um sonho. A biblioteca funcionava em um prédio apertado e mantinha seu acervo para empréstimo no porão. Hoje a área virou um depósito de água mineral.
De endereço novo no mesmo bairro, há seis meses, a biblioteca mantém os antigos livros -não recebeu nada ainda este ano- e ainda perdeu clientela.
"A maioria do pessoal vem a pé e agora ficou longe", diz a bibliotecária-chefe Maria José Barros.
O usuário médio da biblioteca é o aluno da escola pública, com idade entre 10 e 16 anos, e que procura fontes para pesquisas escolares ou livros exigidos pelos professores. "As maiores faltas são de livros sobre folclore e história", conta Maria José.
"Estamos fazendo um levantamento para definir as prioridades a comprar. Precisamos repor os livros essenciais já desgastados e atualizar o acervo", diz Garcia. "Queremos internet em todas", afirma o secretário.
Na Biblioteca Infanto-Juvenil Cora Coralina, única de Guaianazes (zona leste), que atende alunos de 34 escolas municipais, há 48.162 volumes. Mais da metade foram doações.
Cerca de 25 mil podem ser emprestados, mas, além dos problemas de desgaste, a biblioteca enfrenta também a falta de devolução. "Há cerca de 2.000 livros emprestados e não devolvidos", afirma o chefe da biblioteca, Oscar Fuziyama. Cerca de mil pessoas passam pela Cora Coralina diariamente. (EM)


Para doar livros:
tel. 3864-5526 ou e-mail
smc@prodam.pmsp.sp.gov.br















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