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ÓCIO E VÍCIO
Aumento de homicídios envolvendo jovens acompanha a tendência de crescimento do uso de entorpecentes
Risco com droga é maior entre pobres
Marlene Bergamo/Folha Imagem
Garoto anda de skate em pista na avenida Ragueb Chohfi, em Cidade Tiradentes, zona leste de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Os jovens das áreas centrais
também estão expostos à influência das drogas, mas é o adolescente pobre da periferia que mais se
enquadra na lista de maiores riscos, seja consumindo a droga ou
sendo usado pelo tráfico.
A constatação é do estudo encomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) que, entre
outros pontos, analisou o consumo de drogas e a distribuição das
opções culturais e esportivas na
cidade de São Paulo.
Na periferia, são limitadas as
oportunidades de ocupação (há
nove vezes mais empregos nas
áreas centrais) e os adolescentes
estão mais expostos ao crime.
A população mais jovem está
concentrada nas áreas extremas
da cidade, onde o espaço doméstico tem usos múltiplos.
As casas abrigam parentes e
agregam não-parentes, sendo comum várias pessoas morarem em
um mesmo cômodo.
"É possível imaginar o grau de
tensão e conflito gerado pela falta
de privacidade (...): crianças sem
um lugar para estudar, jovens
sem poder conversar com amigos, ouvir músicas ou namorar,
sendo forçados a fazer tudo isso
fora de casa e, com frequência, em
locais públicos", diz Nancy Cardia, uma das autoras do estudo.
Sem opções, os jovens vão para a
rua, atuam em bandos.
"Seria de esperar que a maioria
dos jovens pobres se tornassem
usuários de drogas, mas a vasta
maioria não é", diz Nancy.
Na região central, a minoria tem
acesso a um número maior de
instalações para o lazer, embora
deva usar menos essas facilidades,
pois geralmente pode se associar
a clubes privados e tem menos necessidade de ir a bibliotecas.
"Alguns autores sugerem que
essa minoria tende a consumir
mais substâncias do que a outra
(da periferia), e que, em teoria,
apresenta menor risco, porque
desfruta de mais vantagens concentradas, vive em ambientes que
não mostram sinais de disponibilidade de drogas", diz o estudo.
"O que pode levar o jovem socialmente afluente a usar a droga
pode ser diferente daquilo que estimula o pobre. E a consequência
do uso de drogas, por experiência
ou por hábito, é dramaticamente
diferente, o que é confirmado pelas taxas de homicídios."
Nem todos os homicídios, é claro, resultam do uso de drogas, admite a especialista. Mas a tendência de crescimento de homicídios
envolvendo jovens acompanha
significativamente a tendência do
crescimento do uso de drogas. E a
maioria das vítimas (homens)
tem entre 15 e 24 anos.
(FV)
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