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NO ESCURO
Grupo à espera de energia elétrica se espalha pela região do Vale do Paraíba, do litoral norte e da serra da Mantiqueira
População sem luz chega a 15 mil famílias
DEBORAH COSTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
Enquanto o governo federal discute a implantação do racionamento de energia elétrica no país,
pelo menos 15 mil famílias ainda
vivem sem luz na região do Vale
do Paraíba, no litoral norte e na
área da serra da Mantiqueira.
A avaliação é da Elektro e da
Bandeirante Energia, as duas operadoras que dividem a concessão
do serviço na região, com base no
cadastramento de famílias que
aguardam instalação, em alguns
casos, há mais de 25 anos.
O número pode ser ainda
maior, já que comunidades isoladas, em especial em ilhas do litoral norte e nos parques estaduais
nas serras do Mar, da Mantiqueira e da Bocaina, não fizeram o cadastramento por desconhecê-lo.
Segundo o gerente comercial da
Bandeirante, Rene Mina Vernice,
a empresa, que atende 19 municípios da região, tem um programa
de eletrificação rural, denominado Luz no Campo e coordenado
pela Eletrobrás, que tem como
meta levar energia elétrica a 4.500
famílias até 2002.
Apenas nos quatro municípios
do litoral norte -Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela- há, segundo estimativas das
prefeituras, cerca de 6.500 pessoas
vivendo sem energia elétrica, em
locais de difícil acesso, como ilhas
e ocupações encravadas em área
de mata atlântica.
A falta de energia elétrica faz a
população buscar alternativas para iluminar as casas, armazenar os
alimentos e tomar banho quente.
Geralmente usam-se velas ou
lampiões a gás para a iluminação
e os alimentos são colocados dentro de barris com água ou no rio
para resistir por um tempo maior.
"Nós não podemos fazer compras para o mês todo, e a carne
tem que ser consumida no mesmo dia", disse Claudete de Fátima
dos Santos, moradora do bairro
do Rio Negro, em Natividade da
Serra (185 km ao leste de São Paulo), município em que 75% da população não tem luz.
A maior reclamação da população da zona rural é quanto à demora dos órgãos responsáveis pela eletrificação, além de prefeituras e governo federal, que já lançaram outros programas, nunca
concretizados.
Segundo Antônio Marchiori,
secretário municipal da Agricultura e Pesca de Ubatuba, o processo é "muito lento e burocrático".
Ele disse que a documentação
está pronta, mas que a eletrificação é sempre recusada porque as
áreas rurais do município são
também reservas ambientais,
pois estão na serra do Mar.
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