São Paulo, domingo, 06 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NO ESCURO
Grupo à espera de energia elétrica se espalha pela região do Vale do Paraíba, do litoral norte e da serra da Mantiqueira
População sem luz chega a 15 mil famílias

DEBORAH COSTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

Enquanto o governo federal discute a implantação do racionamento de energia elétrica no país, pelo menos 15 mil famílias ainda vivem sem luz na região do Vale do Paraíba, no litoral norte e na área da serra da Mantiqueira.
A avaliação é da Elektro e da Bandeirante Energia, as duas operadoras que dividem a concessão do serviço na região, com base no cadastramento de famílias que aguardam instalação, em alguns casos, há mais de 25 anos.
O número pode ser ainda maior, já que comunidades isoladas, em especial em ilhas do litoral norte e nos parques estaduais nas serras do Mar, da Mantiqueira e da Bocaina, não fizeram o cadastramento por desconhecê-lo.
Segundo o gerente comercial da Bandeirante, Rene Mina Vernice, a empresa, que atende 19 municípios da região, tem um programa de eletrificação rural, denominado Luz no Campo e coordenado pela Eletrobrás, que tem como meta levar energia elétrica a 4.500 famílias até 2002.
Apenas nos quatro municípios do litoral norte -Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela- há, segundo estimativas das prefeituras, cerca de 6.500 pessoas vivendo sem energia elétrica, em locais de difícil acesso, como ilhas e ocupações encravadas em área de mata atlântica.
A falta de energia elétrica faz a população buscar alternativas para iluminar as casas, armazenar os alimentos e tomar banho quente. Geralmente usam-se velas ou lampiões a gás para a iluminação e os alimentos são colocados dentro de barris com água ou no rio para resistir por um tempo maior.
"Nós não podemos fazer compras para o mês todo, e a carne tem que ser consumida no mesmo dia", disse Claudete de Fátima dos Santos, moradora do bairro do Rio Negro, em Natividade da Serra (185 km ao leste de São Paulo), município em que 75% da população não tem luz.
A maior reclamação da população da zona rural é quanto à demora dos órgãos responsáveis pela eletrificação, além de prefeituras e governo federal, que já lançaram outros programas, nunca concretizados.
Segundo Antônio Marchiori, secretário municipal da Agricultura e Pesca de Ubatuba, o processo é "muito lento e burocrático".
Ele disse que a documentação está pronta, mas que a eletrificação é sempre recusada porque as áreas rurais do município são também reservas ambientais, pois estão na serra do Mar.



Texto Anterior: Panorâmica - Ribeirão Preto: Uso de corpos em faculdades não é fiscalizado
Próximo Texto: Moradores usam a criatividade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.