São Paulo, domingo, 06 de maio de 2001

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Moradores usam a criatividade

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As famílias que moram em áreas localizadas na zona rural ou em comunidades isoladas e que não dispõem de energia elétrica nem de energia alternativa improvisam soluções para problemas cotidianos.
A dona-de-casa Dorvalina Maria dos Santos, 68, aposentada, mora há 30 anos no bairro Rio Negro, no município de Natividade da Serra, e espera a instalação da energia elétrica há 25 anos.
Segundo ela, a maior dificuldade é armazenar alimentos. Ela disse que a compra mensal só tem o básico, como arroz, feijão e óleo. "Quando eu compro carne, presunto ou queijo, temos que consumir em dois dias", disse.
Para que eles durem os dois dias, ela coloca os alimentos que necessitariam de conservação em geladeira em um barril com água ou embaixo de uma bica de água.
Segundo Dorvalina, o banho no verão é com água fria, mas, no inverno, é necessário esquentar a água e se banhar na bacia. "A casa é iluminada com velas e lampião."
Dorvalina disse que se inscreveu no programa do governo Luz no Campo por quatro vezes e não tem mais esperanças de que a energia chegue. "São 30 anos de luta, sem luz, sem estrada."
O cadastro foi feito na Casa da Agricultura, em Natividade da Serra e, segundo ela, a prefeitura prometeu instalar a energia até dezembro do ano passado.
A casa de Dorvalina fica a quatro quilômetros da estrada onde passa o ônibus. "É difícil ir à cidade fazer compras, ir ao médico. Tudo aqui é muito difícil", disse.
Seu marido, Sebastião dos Santos, 74, aposentado, escuta as notícias pelo rádio de pilha e diz sentir falta de TV. "Eu também gosto de ler, mas não consigo porque a luz do lampião é muito baixa."



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