|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Moradores usam a criatividade
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
As famílias que moram em
áreas localizadas na zona rural ou
em comunidades isoladas e que
não dispõem de energia elétrica
nem de energia alternativa improvisam soluções para problemas cotidianos.
A dona-de-casa Dorvalina Maria dos Santos, 68, aposentada,
mora há 30 anos no bairro Rio
Negro, no município de Natividade da Serra, e espera a instalação
da energia elétrica há 25 anos.
Segundo ela, a maior dificuldade é armazenar alimentos. Ela disse que a compra mensal só tem o
básico, como arroz, feijão e óleo.
"Quando eu compro carne, presunto ou queijo, temos que consumir em dois dias", disse.
Para que eles durem os dois
dias, ela coloca os alimentos que
necessitariam de conservação em
geladeira em um barril com água
ou embaixo de uma bica de água.
Segundo Dorvalina, o banho no
verão é com água fria, mas, no inverno, é necessário esquentar a
água e se banhar na bacia. "A casa
é iluminada com velas e lampião."
Dorvalina disse que se inscreveu no programa do governo Luz
no Campo por quatro vezes e não
tem mais esperanças de que a
energia chegue. "São 30 anos de
luta, sem luz, sem estrada."
O cadastro foi feito na Casa da
Agricultura, em Natividade da
Serra e, segundo ela, a prefeitura
prometeu instalar a energia até
dezembro do ano passado.
A casa de Dorvalina fica a quatro quilômetros da estrada onde
passa o ônibus. "É difícil ir à cidade fazer compras, ir ao médico.
Tudo aqui é muito difícil", disse.
Seu marido, Sebastião dos Santos, 74, aposentado, escuta as notícias pelo rádio de pilha e diz sentir falta de TV. "Eu também gosto
de ler, mas não consigo porque a
luz do lampião é muito baixa."
Texto Anterior: No escuro: População sem luz chega a 15 mil famílias Próximo Texto: Rio: Gravidez precoce diminui qualidade de vida Índice
|