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Filhos diferenciam rumo de irmãs
DA SUCURSAL DO RIO
As irmãs Diva Saraiva, 42, e Denair da Silva Saraiva, 32, têm vidas
bastante diferentes. A primeira é
enfermeira e professora de educação física. A segunda trabalha
ocasionalmente como faxineira,
mas atualmente está desempregada. Diva conseguiu concluir seus
estudos. Denair parou de estudar
na quarta série.
O descompasso entre elas é o
mesmo encontrado na pesquisa
da Fundação Oswaldo Cruz, sobre mulheres que tiveram filho na
adolescência ou que engravidaram depois de adultas. Denair teve seu primeiro filho aos 15 anos.
Quando ficou grávida pela primeira vez, Diva tinha 28.
Depois de engravidar, os pais de
Denair obrigaram que ela se casasse. O namorado trabalhava como carregador de supermercado,
mas ficou desempregado logo depois. Ela, que estava na segunda
série do ensino fundamental, teve
de interromper os estudos.
"Fiquei quatro anos com ele.
Era um inferno. Não tínhamos dinheiro para nada. Ele bebia muito
e me batia", diz Denair.
O marido morreu num acidente
e Denair voltou a estudar e a trabalhar. Chegou à quarta série e
parou de novo, por causa de uma
nova gravidez. Hoje, ela tem três
filhos, o mais novo de 1 ano.
Denair mora em uma casa alugada, de dois cômodos, em Campo Grande (zona oeste do Rio).
Diz não estar trabalhando por
causa do bebê, e o namorado de
alguns anos também está desempregado. Para sustentar a casa, ela
conta apenas com a pensão de um
salário mínimo que passou a receber após a morte do marido.
Diva saiu de casa aos 23 anos,
para morar com o pai de sua filha,
Bianca, hoje com 14 anos. Os dois
estão juntos há 16 anos. Ele é funcionário da Light e o casal tem,
junto, uma renda mensal de aproximadamente R$ 2.000.
A irmã de Denair também mora
em Campo Grande, mas tem casa
própria, com dois quartos, sala,
cozinha e quintal.
Diferença
"Tenho certeza de que a diferença entre nós, entre o que conseguimos juntar e construir, está no
fato de ela (Denair) ter engravidado nova demais. Todo o resto é
consequência disso", diz Diva.
"Eu falo todos os dias para a minha filha mais velha, de 16 anos,
que ela tem de esperar para engravidar. Tem que terminar os estudos e arrumar um bom trabalho. Não quero que ela tenha uma
vida como a minha", lamenta Denair.
(SP)
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