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TRANSPORTE
Demora passa a ser o principal motivo de reclamações dos usuários em SP pela primeira vez em cinco anos
Atraso de ônibus lidera ranking de queixas
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A demora dos ônibus para passar nos pontos se tornou a principal queixa dos passageiros, disparada, desde a contratação emergencial das viações feita em janeiro pela Prefeitura de São Paulo.
De cada três usuários que, nos
primeiros três meses de 2002, registraram reclamações no telefone 158 da SPTrans, ao menos um
queria protestar contra os intervalos excessivos dos veículos.
Até 2001, a maioria das queixas,
26,1%, era contra os motoristas
que deixavam de parar nos pontos para a entrada de usuários que
deram sinal. A média mensal de
reclamações contra a demora dos
ônibus, que representava 13,6%
do total em 1999 e 20,6% no ano
passado, atinge agora 33,5%, uma
elevação de 34,6%.
Esses dados da SPTrans, órgão
da prefeitura responsável pelo
transporte coletivo, indicam que,
enquanto os empresários reivindicam uma redução da frota para
diminuir os custos do sistema, a
população cobra a presença de
mais ônibus nas ruas. Nos últimos quatro anos, a quantidade de
passageiros caiu 26% e a frota em
operação teve queda de 15%.
Depois das reclamações por intervalo excessivo (33,5%) e por
inobservância ao ponto de parada
(18,8%), aparecem na terceira posição do ranking deste ano do serviço 158 as queixas por descumprimento de horário (14,5%), que
cresceram 97% em relação a 2000,
último ano da administração Celso Pitta.
Segundo Maurício Thesin, diretor operacional da SPTrans, nos
dois meses posteriores à contratação emergencial, um consórcio
que atua na zona leste, o Aricanduva, deixou de cumprir uma a
cada quatro viagens programadas. Hoje, a média é de 90% de
cumprimento, índice considerado satisfatório pela prefeitura.
"Esse período de adaptação certamente teve impacto na oferta do
transporte e, por isso, a demora
dos ônibus aumentou. Houve troca de linhas, transferência de empregados entre as garagens, uma
mudança drástica", diz Thesin.
Ele reconhece que a frota patrimonial contratada hoje pela
SPTrans, de 10.200 veículos, é a
mínima possível para atender à
demanda. Em 1996, por exemplo,
ela era de 12.059. "A gente está no
nível de oferta que é um piso, não
dá para baixar mais nada."
A situação é agravada pela idade
média dos ônibus em São Paulo.
Os contratos emergenciais assinados no início do ano previam que
ela deveria ser reduzida de sete
anos e seis meses para seis anos,
no prazo de 60 dias. A meta não
foi atingida, mas as viações não
foram multadas. A prefeitura afirma que esse tipo de multa não foi
estabelecido oficialmente. No Rio
de Janeiro, a idade média da frota
beira quatro anos.
O diretor operacional da
SPTrans diz que as reclamações
do serviço 158 servem para orientar a fiscalização das viações e cita
um crescimento nas multas gerais
aplicadas em 2002. Até abril, as
punições beiraram R$ 2 milhões,
quase a mesma quantia do primeiro semestre de 2001.
Essas punições, porém, não assustam as empresas de ônibus
-não significam nem 0,5% da
arrecadação. O regulamento de
infrações da SPTrans prevê multa
de R$ 269 cada vez que um ônibus
deixar de parar no ponto para pegar um passageiro que deu sinal.
Por descumprimento de partida,
os valores variam de R$ 54 a R$
161, dependendo do horário.
Operador
Os novos dados do serviço 158
também mostram que, pela primeira vez nos últimos cinco anos,
as reclamações contra as viações
ultrapassam as que são feitas contra os motoristas e cobradores.
De 1998 para cá, a média mensal
de queixas que se referem às obrigações das empresas -intervalo
excessivo, descumprimento de
horário, superlotação, limpeza e
má conservação do veículo, por
exemplo- subiu perto de 52%.
A quantidade de reclamações
contra as ações dos motoristas e
cobradores- inobservância ao
ponto de parada, desrespeito ao
público, excesso de velocidade-,
porém, teve queda de 55%.
O desempenho dos trabalhadores em 2002 melhorou nos principais itens, resultando em queda
na média das contestações. "É
uma tendência histórica, até mesmo por causa das ações preventivas de treinamento", diz Thesin.
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