São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSPORTE

Entidade diz que queixas se devem à transição, mas admite possibilidade de retenção de ônibus para cortar custos

Viação pode ter retido frota, diz Transurb

DA REPORTAGEM LOCAL

O Transurb (sindicato das empresas de ônibus de São Paulo) atribui a elevação das queixas contra as viações neste ano à fase de transição dos contratos emergenciais, assinados em janeiro.
A entidade também levanta a possibilidade de algumas empresas terem retirado intencionalmente parte da frota de circulação, infringindo os regulamentos da SPTrans, na tentativa de reduzir as despesas do transporte.
"É possível que algumas viações tenham segurado seus veículos nas garagens para cortar custos", diz Antonio Amaral Sampaio Filho, diretor jurídico do Transurb.
Segundo ele, a situação financeira das empresas "é um beco sem saída" e as principais maneiras de diminuir os gastos são corte de funcionários e combustível.
"Mas, se isso aconteceu, esses empresários dançaram. Depois de uns 15 dias nesse sistema já dá para perceber que é mais prejuízo deixar parado nas garagens do que rodando nas ruas, até mesmo por causa das multas", afirma.
Sampaio diz que, desde janeiro deste ano, houve trocas de linhas e muitas empresas tiveram que fazer percursos com os quais elas não estavam acostumadas.
"Foi uma novidade para muitas viações. Esse aumento das queixas por intervalo excessivo e descumprimento de horário se deve a um período de acomodação."
O diretor do Transurb afirma que a elevação das reclamações contra as empresas desde 1998 se agravou em 2001, primeiro ano da administração Marta Suplicy (PT), em razão do "momento conturbado" do transporte.
"Tivemos vários problemas, muitas depredações de ônibus, muitos confrontos com perueiros e muitas paralisações por falta de pagamento. Tudo isso afeta os serviços", afirma Sampaio.
Ele diz considerar importante a existência de um serviço de reclamações "para que as empresas revejam seus problemas". Afirma ainda que a queda das queixas contra os motoristas e cobradores é resultado também do trabalho das empresas.
"A maioria dos números é bastante positiva. Acreditamos que seja fruto da reciclagem propiciada pelas viações de ônibus, que aceleraram seus treinamentos para recuperar os passageiros."
O diretor do Transurb afirma que a redução da frota paulistana nos últimos anos não foi significativa e que há uma tendência "natural" de ajuste. Diz que, com a mesma quantidade de ônibus existente hoje na capital paulista, as empresas já transportaram mensalmente 130 milhões de passageiros -a média de 2001 foi de 88 milhões por mês.
"Nós somos favoráveis a uma redução dentro de um novo planejamento. Há linhas em que a oferta é excessiva. Em outras, a quantidade pode até aumentar", diz Sampaio, que considera "insignificantes" as mudanças feitas por Marta Suplicy para combater os perueiros clandestinos e aumentar a velocidade dos ônibus nos principais corredores.
Segundo a Folha apurou, a pressão dos empresários para reduzir a frota nas linhas menos lucrativas foi intensificada no último mês, quando começaram as discussões sobre a campanha salarial dos motoristas. A categoria quer 15% de reajuste, mas as viações descartam qualquer possibilidade de dar aumento salarial.
Como a prefeitura também já negou a elevação da tarifa de R$ 1,40 e rejeita a concessão de subsídios, a intenção das empresas é tentar ganhar pela redução das despesas atuais -e a retirada dos ônibus das regiões com menor demanda seria uma das principais medidas. (AI)


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Ligação de cantor com tráfico é investigada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.