|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSPORTE
Entidade diz que queixas se devem à transição, mas admite possibilidade de retenção de ônibus para cortar custos
Viação pode ter retido frota, diz Transurb
DA REPORTAGEM LOCAL
O Transurb (sindicato das empresas de ônibus de São Paulo)
atribui a elevação das queixas
contra as viações neste ano à fase
de transição dos contratos emergenciais, assinados em janeiro.
A entidade também levanta a
possibilidade de algumas empresas terem retirado intencionalmente parte da frota de circulação, infringindo os regulamentos
da SPTrans, na tentativa de reduzir as despesas do transporte.
"É possível que algumas viações
tenham segurado seus veículos
nas garagens para cortar custos",
diz Antonio Amaral Sampaio Filho, diretor jurídico do Transurb.
Segundo ele, a situação financeira das empresas "é um beco
sem saída" e as principais maneiras de diminuir os gastos são corte
de funcionários e combustível.
"Mas, se isso aconteceu, esses
empresários dançaram. Depois
de uns 15 dias nesse sistema já dá
para perceber que é mais prejuízo
deixar parado nas garagens do
que rodando nas ruas, até mesmo
por causa das multas", afirma.
Sampaio diz que, desde janeiro
deste ano, houve trocas de linhas e
muitas empresas tiveram que fazer percursos com os quais elas
não estavam acostumadas.
"Foi uma novidade para muitas
viações. Esse aumento das queixas por intervalo excessivo e descumprimento de horário se deve
a um período de acomodação."
O diretor do Transurb afirma
que a elevação das reclamações
contra as empresas desde 1998 se
agravou em 2001, primeiro ano da
administração Marta Suplicy
(PT), em razão do "momento
conturbado" do transporte.
"Tivemos vários problemas,
muitas depredações de ônibus,
muitos confrontos com perueiros
e muitas paralisações por falta de
pagamento. Tudo isso afeta os
serviços", afirma Sampaio.
Ele diz considerar importante a
existência de um serviço de reclamações "para que as empresas revejam seus problemas". Afirma
ainda que a queda das queixas
contra os motoristas e cobradores
é resultado também do trabalho
das empresas.
"A maioria dos números é bastante positiva. Acreditamos que
seja fruto da reciclagem propiciada pelas viações de ônibus, que
aceleraram seus treinamentos para recuperar os passageiros."
O diretor do Transurb afirma
que a redução da frota paulistana
nos últimos anos não foi significativa e que há uma tendência "natural" de ajuste. Diz que, com a
mesma quantidade de ônibus
existente hoje na capital paulista,
as empresas já transportaram
mensalmente 130 milhões de passageiros -a média de 2001 foi de
88 milhões por mês.
"Nós somos favoráveis a uma
redução dentro de um novo planejamento. Há linhas em que a
oferta é excessiva. Em outras, a
quantidade pode até aumentar",
diz Sampaio, que considera "insignificantes" as mudanças feitas
por Marta Suplicy para combater
os perueiros clandestinos e aumentar a velocidade dos ônibus
nos principais corredores.
Segundo a Folha apurou, a
pressão dos empresários para reduzir a frota nas linhas menos lucrativas foi intensificada no último mês, quando começaram as
discussões sobre a campanha salarial dos motoristas. A categoria
quer 15% de reajuste, mas as viações descartam qualquer possibilidade de dar aumento salarial.
Como a prefeitura também já
negou a elevação da tarifa de R$
1,40 e rejeita a concessão de subsídios, a intenção das empresas é
tentar ganhar pela redução das
despesas atuais -e a retirada dos
ônibus das regiões com menor
demanda seria uma das principais medidas.
(AI)
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Ligação de cantor com tráfico é investigada Índice
|