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Para CPI, cidade
também integra
rede do tráfico
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de Patos (350 quilômetros de João Pessoa), identificada como ponto de partida da
nova rota de prostituição infantil
do Nordeste, também faz parte da
rota do narcotráfico.
A informação faz parte do relatório preliminar elaborado pela
CPI Estadual do Narcotráfico que
está em curso na Assembléia Legislativa da Paraíba.
O deputado Luiz Couto (PT),
presidente da CPI, diz que a omissão de parte das autoridades locais, especialmente policiais, favorece o crime organizado.
Um exemplo é o caso de Luiz
Fernando Costa, o Fernandinho
Beira-Mar.
Hoje preso, Beira-Mar, que é
considerado um dos maiores traficantes do país, casou-se em Patos no dia 20 de agosto de 1987
com documento de identidade
falso. A noiva, Damiana Araújo
de Medeiros, é filha de uma escrivã da polícia da Paraíba.
Beira-Mar casou-se com o nome de Felipe Araújo. A noiva, Damiana, tinha apenas 14 anos na
época e estava grávida.
A escrivã Espedita dos Santos
Araújo, mãe de Damiana, conhecida como "Magda", na época do
casamento trabalhava com a delegada Maria Rodrigues, presa sob
a acusação de integrar a quadrilha
de Beira-Mar na Paraíba.
Espedita assinou um documento oficial da polícia (espécie de
certidão negativa) informando
que o homem procurado como
um dos maiores receptadores de
carros roubados na Paraíba, Ricardo Lisboa, era um cidadão sem
antecedentes criminais.
Espedita se defendeu na CPI, dizendo que quando assinou o documento ainda não era capaz de
entendê-lo. Apenas obedeceu a
ordens de Maria Rodrigues.
É que quando Espedita virou escrivã, há 20 anos, era semi-analfabeta. Só havia cursado a primeira
série do ensino fundamental.
Após o episódio de Beira-Mar
ela foi exonerada, mas conseguiu
ser reintegrada recentemente por
meio de decisão judicial.
A delegada Maria Rodrigues é
acusada pela CPI de ter engavetado mandados de busca e apreensão para que a polícia paraibana
prendesse Beira-Mar, em 1988.
De acordo com o presidente da
CPI do Narcotráfico, deputado
Luiz Couto, Maria Rodrigues informaria a Beira-Mar as atividades da polícia para evitar que ele
fosse preso.
No depoimento que Damiana e
Espedita prestaram à CPI disseram que o casamento ocorreu em
Patos porque os padres de João
Pessoa não aceitaram realizar a
cerimônia. A noiva era menor de
idade e estava grávida. O casamento foi realizado no fórum de
Patos sem a presença de nenhum
padre. As testemunhas foram a
advogada Maria José Lucena de
Medeiros e Geraldo Carlos Ferreira, marido dela.
Espedita depôs em dezembro
de 2001 e Damiana em março passado. Elas disseram que na época
do casamento desconheciam as
atividades criminosas de Beira-Mar. As duas também negam que
tivessem conhecimento de que os
documentos de identidade usados para casar fossem falsos.
Espedita não compareceu ao casamento. Disse na CPI que não
gostava do noivo e que era contra
a união, só tendo permitido que
isso ocorresse em razão da gravidez da filha.
O casamento durou apenas três
meses. Espedita disse que depois
desse período foi informada pelo
superintendente da Polícia Civil
de que sua filha estava casada com
um dos criminosos mais procurados do país. A escrivã disse ter informado à polícia o paradeiro de
Beira-Mar para que ele fosse preso, em 1988.
Nessa época, ele morava em
João Pessoa com as duas irmãs,
Alessandra e Débora da Costa.
Alessandra, acusada de comandar os negócios de Beira-Mar no
sertão paraibano, era casada com
o policial Luiz Alberto de Melo.
O deputado Luiz Couto, que
preside a CPI, diz que Patos, às
margens da BR 230, é a principal
rota de escoamento da maconha
produzida na região.
(GA)
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