|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍCIA
Corregedoria apura negócios de firma de delegado
Policial investigado instalou duas linhas telefônicas em delegacia
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
O delegado Paulo Sérgio Óppido Fleury, afastado do setor de
combate à pirataria da Polícia Civil de São Paulo por suspeita de
desviar produtos apreendidos em
operações, mantém duas linhas
telefônicas particulares no Deic
(Departamento de Investigações
sobre o Crime Organizado), onde
funciona a sua ex-delegacia.
Os telefones, que ontem não
atendiam, constam na Telefônica
como sendo do policial, na avenida Zachi Narchi, 152, Carandiru
(zona norte). A Secretaria da Segurança Pública informou ontem
que o Deic desconhecia a existência das linhas e que a ""responsabilidade sobre elas é do delegado".
Os dois números serão investigados pela Corregedoria da Polícia Civil assim como os negócios
que o policial mantinha paralelamente à delegacia por meio da
Fleury Consultoria S/C Ltda., da
qual ele é sócio com a mulher e
que presta serviços na área de falsificação de produtos e marcas.
As duas funções, a de policial e
sócio-proprietário, se tocam.
Primeiro, a Corregedoria
apreendeu, na última quarta-feira, mercadorias recolhidas pela
delegacia de Fleury em um galpão
em Santana (zona norte), onde a
Fleury Consultoria tem uma sala
comercial. Havia ali equipamentos elétricos e roupas.
Segundo, cópia de uma carta da
empresa de consultoria obtida
pela reportagem, encaminhada à
Puro Cigar, importadora de charutos, datada de junho do ano
passado, oferece ""serviços especializados de investigação", entre
os quais: sobre mercado negro e
produtos falsificados e violação
de direitos autorais. Pelo serviço,
a Fleury cobra R$ 3.000, mais uma
mensalidade de R$ 2.500.
""Todo o final de mês será apresentado um relatório, com as informações das apreensões efetuadas, acompanhado de nota fiscal
inerente aos serviços prestados",
afirma o texto da proposta.
A Corregedoria apura se, com
esse relatório de investigação preliminar, os clientes da Fleury
Consultoria apresentavam queixa
de falsificação na Delegacia de
Propriedade Imaterial, provocando a abertura de inquérito pelo
próprio delegado. No final do ano
passado, por exemplo, o policial
coordenou uma ação contra importadores de charutos e apreendeu várias caixas, alegando que
eram contrabandeados. Não se
provou ainda se eram falsos.
Ontem, o advogado Luiz Flávio
Borges D'urso, 43, defensor do
delegado, disse que seu cliente
não comete crime sendo sócio da
empresa e mantendo as linhas telefônicas no Deic (leia texto nesta
página).
(ALESSANDRO SILVA E ANDRÉ CARAMANTE)
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Outro lado: Advogado afirma que delegado não ocupava função na empresa Índice
|