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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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POLÍCIA

Corregedoria apura negócios de firma de delegado

Policial investigado instalou duas linhas telefônicas em delegacia

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

O delegado Paulo Sérgio Óppido Fleury, afastado do setor de combate à pirataria da Polícia Civil de São Paulo por suspeita de desviar produtos apreendidos em operações, mantém duas linhas telefônicas particulares no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), onde funciona a sua ex-delegacia.
Os telefones, que ontem não atendiam, constam na Telefônica como sendo do policial, na avenida Zachi Narchi, 152, Carandiru (zona norte). A Secretaria da Segurança Pública informou ontem que o Deic desconhecia a existência das linhas e que a ""responsabilidade sobre elas é do delegado".
Os dois números serão investigados pela Corregedoria da Polícia Civil assim como os negócios que o policial mantinha paralelamente à delegacia por meio da Fleury Consultoria S/C Ltda., da qual ele é sócio com a mulher e que presta serviços na área de falsificação de produtos e marcas.
As duas funções, a de policial e sócio-proprietário, se tocam.
Primeiro, a Corregedoria apreendeu, na última quarta-feira, mercadorias recolhidas pela delegacia de Fleury em um galpão em Santana (zona norte), onde a Fleury Consultoria tem uma sala comercial. Havia ali equipamentos elétricos e roupas.
Segundo, cópia de uma carta da empresa de consultoria obtida pela reportagem, encaminhada à Puro Cigar, importadora de charutos, datada de junho do ano passado, oferece ""serviços especializados de investigação", entre os quais: sobre mercado negro e produtos falsificados e violação de direitos autorais. Pelo serviço, a Fleury cobra R$ 3.000, mais uma mensalidade de R$ 2.500.
""Todo o final de mês será apresentado um relatório, com as informações das apreensões efetuadas, acompanhado de nota fiscal inerente aos serviços prestados", afirma o texto da proposta.
A Corregedoria apura se, com esse relatório de investigação preliminar, os clientes da Fleury Consultoria apresentavam queixa de falsificação na Delegacia de Propriedade Imaterial, provocando a abertura de inquérito pelo próprio delegado. No final do ano passado, por exemplo, o policial coordenou uma ação contra importadores de charutos e apreendeu várias caixas, alegando que eram contrabandeados. Não se provou ainda se eram falsos.
Ontem, o advogado Luiz Flávio Borges D'urso, 43, defensor do delegado, disse que seu cliente não comete crime sendo sócio da empresa e mantendo as linhas telefônicas no Deic (leia texto nesta página). (ALESSANDRO SILVA E ANDRÉ CARAMANTE)


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