São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004

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SAÚDE BUCAL

De acordo com a prefeitura, 56% das cadeiras odontológicas têm que ser substituídas; evento debate acesso

Faltam dentistas e equipamentos em SP

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Das 900 cadeiras de dentista da rede de saúde paulistana, 500 (56%) estão caindo aos pedaços. Faltam também 200 profissionais. Os dados, da Secretaria Municipal da Saúde, explicam por que conseguir uma consulta odontológica de graça é um sufoco.
"A área não deslanchou ainda", afirma Celina Maria de Oliveira, representante dos usuários do sistema público na comissão de organização da 2ª Conferência Municipal de Saúde Bucal, cuja abertura ocorre hoje às 19h no Hotel Hilton (centro de São Paulo).
O difícil acesso ao dentista na rede pública irá a debate no evento, preparatório para a conferência estadual que, por sua vez, desembocará no encontro nacional.
A área de saúde bucal nunca foi prioridade em São Paulo e no país. Só neste ano é que os governos começaram a se movimentar. Por isso a questão "acesso" está entre os eixos temáticos definidos pelo Conselho Nacional de Saúde para os debates que ocorrerão nos Estados e nos municípios.
Um estudo intensamente divulgado pela União dos Movimentos de Saúde de São Paulo, por exemplo, realizado nos postos de saúde da capital, mostrou que 50,5% dos que procuraram tratamento dentário não conseguiram.
De acordo com Luís Cláudio Sartori, responsável pela área de saúde bucal da secretaria municipal, em Cidade Tiradentes (zona leste), por exemplo, há uma cadeira de dentista para cada grupo de 30 mil habitantes -segundo a prefeitura, o ideal seria chegar a um equipamento para 4.000 habitantes, índice preconizado pelo Programa Saúde da Família.
Jovens e adultos são os que mais têm dificuldades de acesso às consultas -a cidade, afirma Sartori, não cumpriu ainda nenhuma das metas da OMS (Organização Mundial da Saúde) para essas faixas etárias: esperava-se que, até 2000, 80% dos jovens de 18 anos tivessem todos os dentes, que 75% da população entre 35 e 44 anos tivesse 20 ou mais dentes na boca e que 50% dos idosos (65 a 74) tivessem 20 ou mais dentes. "Certamente aí ainda está a lacuna", diz Sartori.
O déficit de dentistas já foi maior -400. A prefeitura realizou concurso no fim de semana passado para preencher 200 vagas. As demais dependem da criação de cargos e, em razão da falta de recursos, devem ser ocupadas só no ano que vem, explica.
A prefeitura comprou ainda 30 equipamentos. O município pretende gastar, neste ano, R$ 12 milhões com novas cadeiras de dentista. Outras 104 serão financiadas pelo Ministério da Saúde e instaladas em 31 centros.


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