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Para especialistas, uso de bicicleta em estradas é perigoso
DA REPORTAGEM LOCAL
O uso das rodovias para treino de ciclistas é um "quebra-galho injustificável", na opinião de Luiz Célio Bottura, 64,
consultor em engenharia urbana e ex-presidente da Dersa
(Desenvolvimento Rodoviário
S.A.). Assim como ele, outros
especialistas ouvidos pela Folha consideram inadequado e
perigoso o tráfego de ciclistas
nas estradas onde os veículos
passam em alta velocidade.
"É totalmente absurdo, o risco é muito grande. Quando é
preciso admitir algum tipo de
transeunte, como na rodovia
Padre Manuel Nóbrega, no litoral, a velocidade máxima tem
de ser reduzida. Numa rodovia
como a dos Bandeirantes isso é
impossível", afirmou o consultor em transportes Adriano
Branco, 73. Segundo ele, que já
foi secretário dos Transportes,
hoje os mais altos índices de
acidentes se referem aos atropelamentos. "Não dá para conciliar veículos com pedestres,
bicicletas e carroças", disse.
O coordenador do grupo de
trabalho sobre bicicletas da
ANTP (Associação Nacional de
Transportes Públicos), Sérgio
Bianco, 57, também é contra o
treino em rodovias. "É temerário, mesmo que for com batedor", afirmou. Em sua opinião,
a decisão da USP de proibir os
ciclistas foi a solução mais radical possível. "Acredito que poderiam ser estabelecidas normas de velocidade e equipamentos necessários para os
atletas circularem no campus."
Bottura dá uma sugestão para resolver o impasse. "Vejo o
autódromo de Interlagos como
um lugar com segurança para
todos. Lá tem espaço, curvas,
rampas. É só uma questão de
acertar um horário", disse.
O ex-presidente da Dersa não
concorda com o código de
trânsito no que se refere ao ciclista. Para o especialista, deve-se recomendar para o pedestre
ou ciclista andar na contramão
(para ver o veículo se aproximar) e no acostamento, nunca
em parte da pista.
Já a lei permite a circulação
de bicicletas nas vias urbanas e
rurais de pista dupla na margem da pista quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento. A legislação diz também que o ciclista deve andar
no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via.
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