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MASSACRE NA BAIXADA
Pedetista é major reformado da PM
Disputa política motivou chacina com 29 mortos no Rio, diz deputado
DA SUCURSAL DO RIO
Em reunião na Assembléia Legislativa do Rio, o deputado estadual Paulo Ramos (PDT) disse
ontem que a chacina na Baixada
Fluminense, que deixou um saldo
de 29 mortos no dia 31 de março,
foi motivada por uma disputa política com fins eleitorais entre o
ex-comandante de policiamento
da região, coronel Francisco
D'Ambrósio, e o atual inspetor da
PM (Polícia Militar), coronel José
Carlos Rodrigues Ferreira.
Segundo o deputado Ramos,
que é major reformado da PM, os
dois coronéis têm pretensão política na eleição do próximo ano. O
pedetista disse que a série de assassinatos tem relação com a iniciativa do inspetor Ferreira de negociar -e obter- com a cúpula
da Secretaria de Segurança Pública do Estado alterações nos quartéis da Baixada Fluminense, após
a saída de D'Ambrósio do comando do policiamento da região no
final do ano passado.
Essas modificações teriam beneficiado oficiais ligados a Ferreira e desagradado ao grupo do ex-comandante D'Ambrósio.
"Isso provocou a reação [29
mortes], que é injustificável. Um
grupo tentando demonstrar mais
lealdade aos comandantes substituídos resolveu desestabilizar a
segurança na área. Estou convencido disso", afirmou o deputado.
A Folha tentou ontem falar com
o inspetor Ferreira e o ex-comandante D'Ambrósio, mas não conseguiu localizá-los.
A declaração foi dada ontem
por Ramos após audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa, que teve a presença do
secretário estadual de Segurança
Pública, Marcelo Itagiba.
O deputado disse que apurou a
versão depois de conversar com
vários oficiais da PM da Baixada
Fluminense. Atualmente, D'Ambrósio é secretário de Segurança
de Belford Roxo, município da
mesma Baixada Fluminense.
Itagiba disse desconhecer a versão do deputado, mas declarou
que o relato era "muito importante" e seria incluído no inquérito.
Relato de testemunha
O secretário estadual disse haver no inquérito o depoimento de
uma testemunha ligando a troca
de comando em alguns batalhões
da Baixada aos assassinatos em
série de 31 de março, mas sem a
conotação política. Segundo Itagiba, a testemunha teria ouvido
alguns policiais, já presos, conversarem sobre o tema em um bar
horas antes do massacre.
Onze policiais militares estão
presos há cerca de um mês por
suspeita de envolvimento na chacina. Até agora, a polícia só obteve
provas técnicas contra um suspeito: o soldado Carlos Jorge de Carvalho. Em um Gol prata emprestado ao policial e usado no dia do
crime, foram recolhidas amostras
de sangue de duas vítimas.
No carro, foram encontradas
cápsulas iguais às achadas em
dois locais da matança. Contra os
outros dez policiais, só existem
provas testemunhais.
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