São Paulo, sexta-feira, 06 de maio de 2005

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MASSACRE NA BAIXADA

Pedetista é major reformado da PM

Disputa política motivou chacina com 29 mortos no Rio, diz deputado

DA SUCURSAL DO RIO

Em reunião na Assembléia Legislativa do Rio, o deputado estadual Paulo Ramos (PDT) disse ontem que a chacina na Baixada Fluminense, que deixou um saldo de 29 mortos no dia 31 de março, foi motivada por uma disputa política com fins eleitorais entre o ex-comandante de policiamento da região, coronel Francisco D'Ambrósio, e o atual inspetor da PM (Polícia Militar), coronel José Carlos Rodrigues Ferreira.
Segundo o deputado Ramos, que é major reformado da PM, os dois coronéis têm pretensão política na eleição do próximo ano. O pedetista disse que a série de assassinatos tem relação com a iniciativa do inspetor Ferreira de negociar -e obter- com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Estado alterações nos quartéis da Baixada Fluminense, após a saída de D'Ambrósio do comando do policiamento da região no final do ano passado.
Essas modificações teriam beneficiado oficiais ligados a Ferreira e desagradado ao grupo do ex-comandante D'Ambrósio.
"Isso provocou a reação [29 mortes], que é injustificável. Um grupo tentando demonstrar mais lealdade aos comandantes substituídos resolveu desestabilizar a segurança na área. Estou convencido disso", afirmou o deputado.
A Folha tentou ontem falar com o inspetor Ferreira e o ex-comandante D'Ambrósio, mas não conseguiu localizá-los.
A declaração foi dada ontem por Ramos após audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, que teve a presença do secretário estadual de Segurança Pública, Marcelo Itagiba.
O deputado disse que apurou a versão depois de conversar com vários oficiais da PM da Baixada Fluminense. Atualmente, D'Ambrósio é secretário de Segurança de Belford Roxo, município da mesma Baixada Fluminense.
Itagiba disse desconhecer a versão do deputado, mas declarou que o relato era "muito importante" e seria incluído no inquérito.

Relato de testemunha
O secretário estadual disse haver no inquérito o depoimento de uma testemunha ligando a troca de comando em alguns batalhões da Baixada aos assassinatos em série de 31 de março, mas sem a conotação política. Segundo Itagiba, a testemunha teria ouvido alguns policiais, já presos, conversarem sobre o tema em um bar horas antes do massacre.
Onze policiais militares estão presos há cerca de um mês por suspeita de envolvimento na chacina. Até agora, a polícia só obteve provas técnicas contra um suspeito: o soldado Carlos Jorge de Carvalho. Em um Gol prata emprestado ao policial e usado no dia do crime, foram recolhidas amostras de sangue de duas vítimas.
No carro, foram encontradas cápsulas iguais às achadas em dois locais da matança. Contra os outros dez policiais, só existem provas testemunhais.


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