São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2008

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Motorista usa o Sumarezinho para evitar a marginal

Moradores se queixam do congestionamento e do barulho; Ministério Público vai convocar a CET para uma audiência

Subprefeitura afirma que o problema é generalizado na região; mudanças viárias contribuíram para atrair mais veículos para o local

RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando alugou, há dois anos e meio, o sobrado de dois andares onde mora, o editor de áudio Bernardo Torres, 28, achou pacata a rua Francisco Isoldi, no Sumarezinho (zona oeste). Os moradores mais antigos, no entanto, acostumados à quase ausência de veículos por ali, já se queixavam do aumento do tráfego nas ruas do bairro.
Agora, Torres mudou de opinião e juntou-se aos reclamantes. Isso porque mudanças viárias implantadas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) ajudaram a transformar definitivamente a rua em rota dos motoristas para fugir dos congestionamentos de vias como a marginal Pinheiros.
"Não sei mais o que fazer. Vai chegar uma hora que ninguém mais vai andar", diz Torres, que chega a ter uma fila de carros parados na frente da sua casa seis horas por dia, em média.
Íngreme e residencial, a rua Francisco Isoldi -que tem um trecho em mão dupla- hoje recebe tráfego de automóveis, caminhões e até de ônibus.
Os problemas da Francisco Isoldi e de outras três ruas residenciais do bairro -Borges de Barros, Felipe de Gusmão e Djalma Coelho- não são raridade na zona oeste da cidade.
"Essas ruas se tornaram rota alternativa para quem vem de grandes corredores e de toda a zona oeste em direção ao centro. O problema é generalizado na região", diz Adriana Rolim, supervisora de planejamento da Subprefeitura de Pinheiros.
Segundo a subprefeitura, outras ruas de características residenciais, como Ibiraçu, Caminha de Amorim, Alberto Seabra e Dom Rosalvo, no Alto de Pinheiros, enfrentam problemas semelhantes.
Além dos congestionamentos, o trânsito causa problemas como fissuras nas paredes, trepidação de janelas e barulho.
No trecho em mão dupla, enquanto a subida fica parada, na descida o limite de 20 km/h não é respeitado -os carros passam a mais de 60 km/h.

Audiência
Desde 2000, um grupo de cerca de 300 moradores do Sumarezinho pede à prefeitura e à CET restrições ao tráfego.
Sem resposta, decidiram procurar o Ministério Público. Ontem, tiveram audiência na Vara de Meio Ambiente e Urbanismo. A promotora Stela Tinoni Kuba marcou para o dia 27 um novo encontro, desta vez com a presença da CET.
"Nossa luta é contra essa política de fluidez do tráfego a qualquer custo", diz a professora Angela Campo, 42, moradora do bairro há 37 anos. Na semana passada, os moradores fizeram um protesto que fechou por uma hora o cruzamento entre as ruas Francisco Isoldi e Borges de Barros.
Em oito anos de reclamações, o que os moradores viram foi, em abril de 2006, a região ser "repaginada". Em benefício do trânsito.
Um semáforo foi instalado no final da rua Borges de Barros, possibilitando o acesso aos dois sentidos da rua Heitor Penteado. A alteração foi o suficiente para atrair o tráfego da rua Natingui, rota de escape de vias como a avenida Pedroso de Morais e a marginal Pinheiros.
O asfalto ganhou nova demarcação, pontos de táxi foram removidos, e o estacionamento passou a ser proibido, deixando as ruas livres para os veículos.
Desde o segundo semestre de 2007, microônibus da linha Ponte Orca, da EMTU, que liga estações de metrô à rede ferroviária, passaram a usar a região como rota alternativa.
Os pedestres, entretanto, continuam tendo que caminhar por calçadas quebradas. "Quando ando, parece que estou pisando em ovos", conta a aposentada Maria de Lourdes Ramalho, 64.


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