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Motorista usa o Sumarezinho para evitar a marginal
Moradores se queixam do congestionamento e do barulho; Ministério Público vai convocar a CET para uma audiência
Subprefeitura afirma que o problema é generalizado na região; mudanças viárias contribuíram para atrair mais veículos para o local
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando alugou, há dois anos
e meio, o sobrado de dois andares onde mora, o editor de áudio Bernardo Torres, 28, achou
pacata a rua Francisco Isoldi,
no Sumarezinho (zona oeste).
Os moradores mais antigos, no
entanto, acostumados à quase
ausência de veículos por ali, já
se queixavam do aumento do
tráfego nas ruas do bairro.
Agora, Torres mudou de opinião e juntou-se aos reclamantes. Isso porque mudanças viárias implantadas pela CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) ajudaram a transformar definitivamente a rua em
rota dos motoristas para fugir
dos congestionamentos de vias
como a marginal Pinheiros.
"Não sei mais o que fazer. Vai
chegar uma hora que ninguém
mais vai andar", diz Torres, que
chega a ter uma fila de carros
parados na frente da sua casa
seis horas por dia, em média.
Íngreme e residencial, a rua
Francisco Isoldi -que tem um
trecho em mão dupla- hoje recebe tráfego de automóveis, caminhões e até de ônibus.
Os problemas da Francisco
Isoldi e de outras três ruas residenciais do bairro -Borges de
Barros, Felipe de Gusmão e
Djalma Coelho- não são raridade na zona oeste da cidade.
"Essas ruas se tornaram rota
alternativa para quem vem de
grandes corredores e de toda a
zona oeste em direção ao centro. O problema é generalizado
na região", diz Adriana Rolim,
supervisora de planejamento
da Subprefeitura de Pinheiros.
Segundo a subprefeitura, outras ruas de características residenciais, como Ibiraçu, Caminha de Amorim, Alberto
Seabra e Dom Rosalvo, no Alto
de Pinheiros, enfrentam problemas semelhantes.
Além dos congestionamentos, o trânsito causa problemas
como fissuras nas paredes, trepidação de janelas e barulho.
No trecho em mão dupla, enquanto a subida fica parada, na
descida o limite de 20 km/h
não é respeitado -os carros
passam a mais de 60 km/h.
Audiência
Desde 2000, um grupo de
cerca de 300 moradores do Sumarezinho pede à prefeitura e à
CET restrições ao tráfego.
Sem resposta, decidiram
procurar o Ministério Público.
Ontem, tiveram audiência na
Vara de Meio Ambiente e Urbanismo. A promotora Stela Tinoni Kuba marcou para o dia 27
um novo encontro, desta vez
com a presença da CET.
"Nossa luta é contra essa política de fluidez do tráfego a
qualquer custo", diz a professora Angela Campo, 42, moradora do bairro há 37 anos. Na semana passada, os moradores fizeram um protesto que fechou
por uma hora o cruzamento entre as ruas Francisco Isoldi e
Borges de Barros.
Em oito anos de reclamações, o que os moradores viram
foi, em abril de 2006, a região
ser "repaginada". Em benefício
do trânsito.
Um semáforo foi instalado
no final da rua Borges de Barros, possibilitando o acesso aos
dois sentidos da rua Heitor
Penteado. A alteração foi o suficiente para atrair o tráfego da
rua Natingui, rota de escape de
vias como a avenida Pedroso de
Morais e a marginal Pinheiros.
O asfalto ganhou nova demarcação, pontos de táxi foram
removidos, e o estacionamento
passou a ser proibido, deixando
as ruas livres para os veículos.
Desde o segundo semestre de
2007, microônibus da linha
Ponte Orca, da EMTU, que liga
estações de metrô à rede ferroviária, passaram a usar a região
como rota alternativa.
Os pedestres, entretanto,
continuam tendo que caminhar por calçadas quebradas.
"Quando ando, parece que estou pisando em ovos", conta a
aposentada Maria de Lourdes
Ramalho, 64.
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