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Operário diz que "quem não tinha onde se segurar foi arremessado'
DA AGÊNCIA FOLHA
O operário Edson Padilha,
35, fazia consertos em uma máquina carregadeira na sala de
manutenção da mina onde trabalha, em Lauro Müller, quando, por volta das 3h30, disse ter
sentido "um vácuo, um assoprão que foi levando tudo".
"Foi muito rápido, não tem
nem como explicar. Não foi
uma explosão, foi um vácuo. Eu
estava na máquina quando vi
uma fumaça preta chegar. Bati
a cabeça em alguma coisa, acho
que em um pedaço de ferro. Tudo apagou e fiquei no chão, sem
lanterna. Quem não tinha onde
se segurar foi arremessado",
disse o operário.
A oficina, disse, é feita com
paredes de pedra e carvão. Está
localizada em uma espécie de
galeria do túnel, onde ficam as
máquinas.
Padilha conta que um amigo
se aproximou com uma lanterna e o ajudou a deixar o local.
Ele diz que usava máscara de
proteção e que só sentiu o forte
cheiro da fumaça após sair da
mina. Teve que caminhar alguns quilômetros para sair dali.
"Só lá fora comecei a ficar
zonzo. Deu tosse, ânsia de vômito. Quase vomitei", disse ele,
que, com um hematoma na cabeça, continuava em observação ontem à tarde em um hospital da cidade.
Turno da meia-noite
Padilha trabalha na mina há
dois anos e faz o chamado turno da meia-noite -quando os
funcionários vão ao local para
realizar eventuais consertos e
manutenção de máquinas.
Pai de três filhos, ele diz que,
mesmo após o acidente, não
pensa em deixar a empresa.
"Se a gente tiver medo das
coisas, nunca vai trabalhar em
lugar nenhum. Meu sustento
vem dali. Vou ter que encarar
tudo de novo", disse.
(MATHEUS PICHONELLI)
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