São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2008

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Operário diz que "quem não tinha onde se segurar foi arremessado'

DA AGÊNCIA FOLHA

O operário Edson Padilha, 35, fazia consertos em uma máquina carregadeira na sala de manutenção da mina onde trabalha, em Lauro Müller, quando, por volta das 3h30, disse ter sentido "um vácuo, um assoprão que foi levando tudo".
"Foi muito rápido, não tem nem como explicar. Não foi uma explosão, foi um vácuo. Eu estava na máquina quando vi uma fumaça preta chegar. Bati a cabeça em alguma coisa, acho que em um pedaço de ferro. Tudo apagou e fiquei no chão, sem lanterna. Quem não tinha onde se segurar foi arremessado", disse o operário.
A oficina, disse, é feita com paredes de pedra e carvão. Está localizada em uma espécie de galeria do túnel, onde ficam as máquinas.
Padilha conta que um amigo se aproximou com uma lanterna e o ajudou a deixar o local.
Ele diz que usava máscara de proteção e que só sentiu o forte cheiro da fumaça após sair da mina. Teve que caminhar alguns quilômetros para sair dali.
"Só lá fora comecei a ficar zonzo. Deu tosse, ânsia de vômito. Quase vomitei", disse ele, que, com um hematoma na cabeça, continuava em observação ontem à tarde em um hospital da cidade.

Turno da meia-noite
Padilha trabalha na mina há dois anos e faz o chamado turno da meia-noite -quando os funcionários vão ao local para realizar eventuais consertos e manutenção de máquinas.
Pai de três filhos, ele diz que, mesmo após o acidente, não pensa em deixar a empresa.
"Se a gente tiver medo das coisas, nunca vai trabalhar em lugar nenhum. Meu sustento vem dali. Vou ter que encarar tudo de novo", disse.
(MATHEUS PICHONELLI)


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