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Justiça para megaobra no Alto da Boa Vista
Projeto foi liberado pela gestão Kassab em 2007, com base em leis de zoneamento dos anos 70 e 80 revogadas desde 2005
Moradores da região veem conluio para a aprovação do condomínio; construtoras
dizem que a obra é legal, e prefeitura não se manifesta
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um megaempreendimento
residencial de alto padrão no
Alto da Boa Vista (zona sul da
capital), autorizado pela prefeitura com base em leis de zoneamento já revogadas, foi embargado pela Justiça de São Paulo.
A obra em fase inicial, em
uma área de 67,7 mil metros
quadrados (quase nove campos
do Morumbi), foi paralisada no
mês passado.
A liberação do projeto foi dada pela prefeitura em 2007,
com base em leis de zoneamento dos anos 70 e 80 revogadas
desde 2005. Beneficiou a construtora Arizona, que pertence a
duas gigantes do mercado imobiliário: a Cyrela e a Tecnisa.
As construtoras afirmaram,
em nota, "que todas as aprovações são absolutamente legais",
cumprem "exigências dos órgãos públicos competentes e legislação", e que o desembargo
está sendo providenciado.
Ré junto com a Arizona na
ação movida pela Sociedade
Amigos do Bairro do Alto da
Boa Vista, a prefeitura disse
que não se manifestaria porque
não foi notificada oficialmente.
Para conceder a liminar, o
juiz Wanderley Fernandes, da
6ª Vara da Fazenda Pública,
aceitou o argumento da associação de moradores de que a
obra foi autorizada quando as
antigas leis de zoneamento já
não valiam. Consultado pelo
juiz, o Ministério Público deu
parecer favorável à liminar, baseado no mesmo argumento. A
decisão é do dia 15 de abril.
Mudança fora do prazo
O projeto original, de construção de seis prédios de sete
andares, foi apresentado em
2004, quando o empreendimento ainda não pertencia à
Arizona. Até aquele ano, porém, só era permitido erguer
prédios com mais de três andares nesse terreno se respeitada
uma distância de 25 metros do
lote vizinho (que está em zona
estritamente residencial). A
proposta não previa isso.
Em 2006, quando a Arizona
já era dona do empreendimento, a prefeitura rejeitou o pedido sob a alegação de que já vigorava o novo zoneamento, que
incluiu esse terreno na zona estritamente residencial e limitou os prédios a três andares.
A empresa, então, refez a
proposta e, ainda em 2006, encaminhou-a novamente à prefeitura. Pediu, porém, que a
análise fosse feita com base na
legislação anterior -sob o argumento de que o primeiro pedido foi feito ainda em 2004.
O projeto alterado prevê quatro prédios de nove andares e a
doação de parte do terreno à
prefeitura -para garantir que
ele deixasse de ser vizinho de
lote em área estritamente residencial e, portanto, ficasse livre
da regra dos 25 metros.
Esse pedido foi aprovado pela prefeitura em 2007, já na
gestão Gilberto Kassab (DEM).
A Justiça, porém, barrou a
obra por considerar que o projeto rejeitado em 2006 não podia ser modificado -a interpretação é que só projetos aprovados podem receber mudanças.
Na ação, a associação acusa
construtora e prefeitura de terem agido em "conluio".
Batizado de Les Jardins Chácara Flora, o empreendimento
prevê 32 apartamentos em cada uma das quatro torres. As
unidades variam de 310 m2 a
529 m2. Moradores vizinhos dizem que a obra trará dois prejuízos graves: 1) prejudicará a
insolação da praça e das casas
vizinhas, que são de pequeno
porte; e 2) atrairá mais carros
para uma área já saturada.
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