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Projeto que descriminaliza consumo
de drogas é aprovado no Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado aprovou cinco projetos de lei elaborados pela Comissão Mista de Segurança Pública
para o combate à violência, entre
eles o que discriminaliza o consumo de drogas e cria penas alternativas para os usuários. Nos projetos, há também o agravamento de
penas para os crimes contra a vida
e de lavagem de dinheiro. Os projetos seguem agora para a Câmara.
Os projetos estabelecem a criação do Sistema Nacional Antidrogas e uma nova política para o
combate às drogas. Quem guardar, transportar ou comprar drogas para consumo próprio, ao invés de ser preso, será submetido a
medidas educativas tais como tratamento contra o vício, prestação
de serviços à comunidade e proibição de frequentar determinados
lugares.
Entre as penas alternativas também está a frequência a cursos
profissionalizantes. O usuário que
se recusar a cumprir as penas alternativas poderá ter o período
em que deveria estudar ou prestar
serviços à comunidade convertido em prisão. Hoje, de acordo
com o Código Penal, usuários de
drogas podem cumprir pena de
seis meses a dois anos de prisão.
A punição para o financiamento do tráfico de drogas será maior,
que será de 8 a 20 anos de prisão.
Os condenados por crimes relacionados às drogas só poderão ser
beneficiados com liberdade condicional depois de cumprirem
dois terços da pena e os reincidentes não terão direito ao benefício.
Crimes de menor gravidade
também poderão ser punidos
com penas alternativas, como a
obrigação de frequentar cursos
profissionalizantes e cumprir atividades de reinserção social.
Nos projetos, há medidas que
aumentam a pena para crimes
contra a vida. O homicídio teve a
pena mínima aumentada de seis
para oito anos de prisão. A pena
máxima para este crime é de 20
anos de prisão. A liberdade condicional só será permitida depois de
dois terços da pena serem cumpridos.
A pena para quem rouba e agride ou mata a vítima também foi
aumentada. Se o roubo resultar
em lesão corporal grave, a pena,
que hoje é de 7 a 15 anos, passa para 16 a 24 anos de prisão. Caso o
roubo resulte em morte, a condenação do criminoso poderá ser de
24 a 30 anos de prisão. A pena
atual varia de 20 a 30 anos.
Nos projetos aprovados, consta
a punição com detenção de 3 a 10
anos de prisão para quem legalizar dinheiro proveniente de crimes de financiamento de terrorismo e do tráfico ilícito de órgãos
ou pessoas.
Os projetos também definiram
que o Coaf (Conselho de Controle
de Atividades Financeiras) terá
competência para escolher os setores econômicos a serem monitorados em caso de suspeita de serem utilizados para lavagem de
dinheiro.
No mesmo dia em que os prefeitos da região metropolitana de
São Paulo levaram ao Planalto
uma proposta de prevenção da
violência, ouviram do ministro
Alberto Cardoso (Segurança Institucional) um recado político:
devem agir como estadistas nas
eleições e impedir que os interesses de seus partidos passem por
cima dos interesses da população.
"Não devemos permitir que a
coloração partidária passe por cima dos interesses da população.
Quando se raciocina acima dos
partidos, está se raciocinando como Estado brasileiro", disse Cardoso. "A permanência no poder é
fugaz -dura um ou dois mandatos- comparado com a imutabilidade do Estado."
Os 39 prefeitos foram elogiados
por terem elaborado, juntos, um
plano de prevenção da violência
que não prioriza a repressão, apesar do "clamor" público. "Em
época de eleições, há um clamor
da população, que exige repressão", disse, alertando para o risco
de esquecer da prevenção.
O plano apresentado é, na realidade, uma lista de dez diretrizes
de atuação, que vão desde o aperfeiçoamento dos dados de criminalidade até o uso das guardas
municipais em atividades preventivas. Não há metas concretas
nem prazos de cumprimento.
O plano reúne iniciativas de vários setores do governo federal e
os resultados serão auditados por
um instituto da USP. As atividades voltadas para crianças e adolescentes incluem, por exemplo,
grupos de apoio nas escolas e o
combate ao trabalho infantil.
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