São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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Reforma em gestão hospitalar não avança em SP

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

As autarquias criadas pela Prefeitura de São Paulo para administrar doze hospitais e prontos-socorros do município ainda estão longe de operar uma mudança no funcionamento dessa rede de serviços.
As cinco unidades, implantadas com o objetivo de agilizar a administração e melhorar o atendimento, devem utilizar neste ano apenas 1,6% do orçamento da área hospitalar, que é de cerca de R$ 500 milhões.
A prefeitura destinou apenas R$ 8 milhões para despesas realizadas por elas de maio até o fim do ano. Esse dinheiro, porém, só será suficiente para a estruturação física, como aluguel de imóveis e compra de equipamentos de escritório.
Segundo a própria prefeitura, as autarquias não "terão pernas" para assumir todas as suas responsabilidades neste ano, daí o repasse ínfimo. A maioria das unidades ainda não tem nem sede própria, corpo de funcionários organizado e estrutura para compras e contratações. O gabinete da Secretaria da Saúde continuará a ser responsável pela reposição de estoques e colocação de funcionários.

No gabinete
Autarquias são entidades de Direito Público, com autonomia financeira e administrativa, que têm de realizar concursos e licitações. O projeto que criou as autarquias hospitalares de São Paulo ficou cinco meses no gabinete da prefeita antes de seguir para a Câmara, em setembro do ano passado. No Legislativo, houve demora na tramitação por causa de pressões para indicações políticas nos cargos de direção das autarquias. Depois da aprovação na Casa, mais demora, desta vez para a nomeação dos superintendentes, que assumiram em março.
No Hospital Tide Setúbal, na zona leste, onde em maio existiam cerca de 80 vagas para médicos, a diretoria implantou uma equipe de humanização para contornar as dificuldades de atendimento. A unidade, que fica em São Miguel Paulista (zona leste), é responsável pelo maior número de consultas médicas feitas na rede da prefeitura, 30 mil por mês. Seus saguões vivem lotados. A Folha esteve no local no ano passado e o quadro era o mesmo.
O diretor do hospital, Sérgio Matsudo diz acreditar que a situação não seria tão ruim se a autarquia de Ermelino Matarazzo já estivesse funcionando a pleno vapor. O processo de contratação ocorreria diretamente na região, voltado para profissionais que moram na área, e a agilidade na assinatura de contratos e compras seria maior. "A gente espera demais e sempre falta médico", afirmou Cleide Rodrigues, 36, que aguardava atendimento.



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