São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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SAÚDE

Hospital de Fortaleza costuma receber mais prematuros do que a capacidade máxima; diretor fala em "improvisação"

Oito bebês morrem em UTI superlotada

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Oito bebês morreram em apenas dois dias na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, administrada pela UFC (Universidade Federal do Ceará), em Fortaleza.
A UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal do hospital, superlotada, foi parcialmente interditada -ao lado dos leitos onde morreram os oito bebês, no sábado e no domingo, ainda estão outros sete bebês prematuros internados, porque não existe outro local para abrigá-los.
"Não descarto novas mortes por causa da superlotação", admitiu ontem o diretor da UTI neonatal, Luiz Carlos Batista.
O hospital possui duas salas com capacidade para 21 leitos de UTI neonatal, mas, no momento em que aconteceram as mortes, havia 34 bebês internados.
Na sala onde ocorreram as mortes, com capacidade para dez bebês, havia 15. Na outra unidade, com lotação máxima de 11, ontem estavam internados 19 bebês.
O hospital consegue atender a um número maior de bebês do que a capacidade prevista porque possui aparelhos extras.
"Ainda não chegamos a colocar dois bebês em uma mesma incubadora. Estamos tentando evitar essa situação ao máximo", disse o diretor clínico do hospital, Manoel Oliveira. "Mas não deixa de ser uma improvisação, porque uma UTI precisa ter um certo espaço entre os leitos para evitar ao máximo surtos de infecção como o que aconteceu."
A maternidade atende, em média, 600 partos por mês e contabiliza uma mortalidade média de 25 bebês a cada mil nascimentos.
A única providência tomada após as mortes foi a instalação de uma comissão de interdição, pelo próprio hospital, que providenciou a desinfecção da área onde ocorreram as mortes. Essa comissão concluiu que apenas três bebês apresentaram um índice muito alto de bactérias. Apesar de ser incerta a causa das outras mortes, não deverá ser feito outro procedimento de investigação. "A emergência está aberta 24 horas por dia e, com certeza, chegarão novos casos graves que não podemos recusar." Para ele, o surto de mortes está controlado. "Não houve novas mortes. Com a desinfecção, reduz-se muito os risco", afirmou
A situação de superlotação é a mesma nos outros três hospitais do Estado que possuem leitos de UTI neonatal.
O governo do Estado administra apenas 44 leitos, todos concentrados em Fortaleza. Assim, os casos de partos com complicações de todos os municípios do Ceará são transferidos para a capital.



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