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SAÚDE
Hospital de Fortaleza costuma receber mais prematuros do que a capacidade máxima; diretor fala em "improvisação"
Oito bebês morrem em UTI superlotada
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Oito bebês morreram em apenas dois dias na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, administrada pela UFC (Universidade
Federal do Ceará), em Fortaleza.
A UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal do hospital, superlotada, foi parcialmente interditada -ao lado dos leitos onde
morreram os oito bebês, no sábado e no domingo, ainda estão outros sete bebês prematuros internados, porque não existe outro
local para abrigá-los.
"Não descarto novas mortes
por causa da superlotação", admitiu ontem o diretor da UTI
neonatal, Luiz Carlos Batista.
O hospital possui duas salas
com capacidade para 21 leitos de
UTI neonatal, mas, no momento
em que aconteceram as mortes,
havia 34 bebês internados.
Na sala onde ocorreram as mortes, com capacidade para dez bebês, havia 15. Na outra unidade,
com lotação máxima de 11, ontem
estavam internados 19 bebês.
O hospital consegue atender a
um número maior de bebês do
que a capacidade prevista porque
possui aparelhos extras.
"Ainda não chegamos a colocar
dois bebês em uma mesma incubadora. Estamos tentando evitar
essa situação ao máximo", disse o
diretor clínico do hospital, Manoel Oliveira. "Mas não deixa de
ser uma improvisação, porque
uma UTI precisa ter um certo espaço entre os leitos para evitar ao
máximo surtos de infecção como
o que aconteceu."
A maternidade atende, em média, 600 partos por mês e contabiliza uma mortalidade média de 25
bebês a cada mil nascimentos.
A única providência tomada
após as mortes foi a instalação de
uma comissão de interdição, pelo
próprio hospital, que providenciou a desinfecção da área onde
ocorreram as mortes. Essa comissão concluiu que apenas três bebês apresentaram um índice muito alto de bactérias. Apesar de ser
incerta a causa das outras mortes,
não deverá ser feito outro procedimento de investigação. "A
emergência está aberta 24 horas
por dia e, com certeza, chegarão
novos casos graves que não podemos recusar." Para ele, o surto de
mortes está controlado. "Não
houve novas mortes. Com a desinfecção, reduz-se muito os risco", afirmou
A situação de superlotação é a
mesma nos outros três hospitais
do Estado que possuem leitos de
UTI neonatal.
O governo do Estado administra apenas 44 leitos, todos concentrados em Fortaleza. Assim, os casos de partos com complicações
de todos os municípios do Ceará são transferidos para a capital.
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