São Paulo, terça-feira, 06 de junho de 2006

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Suzane evita olhar para o ex-namorado

A estudante e os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos sentaram-se lado a lado por 40 minutos ontem no plenário do júri

Filha dos Richthofen usou calça jeans e blusa branca, enquanto os dois rapazes trajavam o uniforme da prisão e ficaram algemados

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

Sentados lado a lado por cerca de 40 minutos, Suzane von Richthofen e os irmãos Daniel (seu ex-namorado) e Cristian Cravinhos evitaram se olhar, no plenário do tribunal do júri, em São Paulo. Apesar da proximidade, ela ora baixava a cabeça, ora virava o rosto para o lado para não ver os dois irmãos.
Em prisão domiciliar desde segunda-feira da semana passada, Suzane foi a primeira dos três réus a entrar no plenário do júri ontem. De calça jeans, blusa branca e botas, ela não usava algemas.
Daniel e Cristian, presos em uma penitenciária em Itirapina (213 km de SP), entraram no plenário um minuto depois. De chinelos, camisa branca e calça amarela -uniforme do sistema prisional-, os dois permaneceram todo o tempo algemados.
Quando os irmãos se levantaram para explicar ao juiz a ausência de seus advogados, Suzane virou o rosto para não ver o ex-namorado e o irmão dele.
Os irmãos Cravinhos já tinham sido retirados do plenário quando Suzane falou uma única vez. Ela repetiu ao juiz Alberto Anderson Filho os nomes de seus advogados.
Falou tranqüilamente, bem diferente do depoimento emocionado que prestou em dezembro de 2002, no começo do processo criminal que tramita no 1º Tribunal do Júri.

Aplausos e risos
Desta vez, coube ao público as reações mais emotivas durante as duas horas e 20 minutos da sessão.
Integrantes da platéia aplaudiram as palavras do promotor Roberto Tardelli e reagiram com risos de ironia às intervenções do advogado Mauro Otávio Nacif, que defende Suzane.
Em julgamentos de menor visibilidade, a platéia é proibida de se manifestar.
Um dos momentos de maior agitação da platéia ocorreu quando Nacif pediu a ajuda do próprio promotor para adiar o julgamento de Suzane.
A discussão entre o juiz Alberto Anderson Filho e o advogado Nacif, que afirmou que o juiz foi "arbitrário" e "intransigente", também mereceu reações acaloradas da platéia.
Muitas das respostas do juiz foram recebidas com aplausos. "A mudança de data é um capricho do senhor", afirmou o juiz ao advogado de Suzane.

Frustração
A transferência do júri para o dia 17 de julho deixou a platéia frustrada. "Como cidadã brasileira, estou muito chateada. Vim na esperança de que iria ver a Justiça trabalhando", afirmou a estudante de direito Maria Beatriz Grella Vieira, 22.
O funcionário público Sérgio Murilo, 33, uma das 80 pessoas sorteadas para assistir ao julgamento -pelo menos 4.000 se inscreveram-, afirmou que saía decepcionado. "Saio sem ver a Justiça ser praticada. É muita frustração", afirmou.
Suzane deixou o plenário pela porta de trás, de cabeça baixa e acompanhada por cerca de dez PMs. Os policiais que a acompanhavam correram até um elevador junto com ela, despistando os curiosos.


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