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Assessor citado no caso Detran se demite
Chefe-de-gabinete do presidente estadual do PTB, Campos Machado, foi citado por um dos acusados de vender habilitação falsa
Carlos Thadeo afirma em gravação que interveio para manter na Ciretran de Ferraz um dos envolvidos em esquema de fraude de CNH
DA REPORTAGEM LOCAL
Carlos Thadeo, chefe-de-gabinete do líder do PTB na Assembléia Legislativa, deputado
Campos Machado, se demitiu
ontem do cargo, no mesmo dia
em que seu nome foi citado nos
telefonemas grampeados na
"Operação Carta Branca", que
apura a venda de carteiras falsas de habilitação.
Nas gravações feitas pela Polícia Federal com autorização
judicial e obtidas pela Folha,
Thadeo admite que interveio
pela permanência na Ciretran
(Circunscrição Regional de
Trânsito) de Ferraz de Vasconcelos (Grande SP) de um dos
envolvidos no esquema de
fraude de CNHs. A cidade era a
base da quadrilha.
Nas escutas, Thadeo conta
que conseguiu garantir a permanência de Marcão, um dos
19 presos na última terça, no
cargo que ele tinha como funcionário da prefeitura de Ferraz, lotado na Ciretran local. O
interlocutor é o empresário
Nasser Abdel Hadi Ibrahim, irmão de Omar, também preso
pela PF, acusado de lavar dinheiro da quadrilha.
Na conversa com Nasser,
Thadeo comemora o feito de
manter Marcos no cargo afirmando que é membro do Partido Trabalhista Brasileiro. O ex-assessor disse à Folha anteontem que já foi professor de Nasser e que o conhece há 25 anos.
Em outro grampo, Nasser conversa com Marcos sobre porcentagens na venda de CNHs.
Thadeo pediu afastamento
por carta a Machado, que aceitou. No texto, ele diz que sai
"diante das repercussões negativas de fatos" e que não quer
causar "desconforto ao meu líder e amigo [Machado]".
Procurado ontem, Thadeo
não ligou de volta. Anteontem,
ele disse que a família Nasser
atua como cabo eleitoral de
Machado em Ferraz. O deputado também é citado na gravação, como amigo de Marcos.
Machado enviou ontem uma
carta à Procuradoria Geral de
Justiça negando conhecer o
"Marcos" da gravação. No texto, ele alega que seu nome foi
usado "indevidamente" e pede
ao Ministério Público para
apurar o caso e o "eventual envolvimento" de Thadeo.
Segundo a investigação, a
quadrilha vendeu 1.300 CNHs
falsas em dois anos por
R$ 1.300 a R$ 1.800 e movimentou R$ 1,3 milhão.
Um motorista foi flagrado
com uma CNH comprada, na
madrugada de anteontem, em
Minas Gerais. Ele teria pago
R$ 1.440 pelo documento emitido na Ciretran de Ferraz.
O Ministério Público ouviu
ontem alguns dos presos e também pediu a quebra de sigilo
bancário, para saber se eles tiveram enriquecimento ilícito.
Promotores do caso deram 120
dias para que o Detran (Departamento Estadual de Trânsito)
reformule o sistema de emissão de habilitações.
Colaborou o "Agora"
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