São Paulo, sábado, 6 de junho de 1998

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SAÚDE
Um dos locais era clandestino, e produzia medicamentos para vender como importados; duas distribuidoras foram fechadas
Operação interdita laboratórios em SP

Renata Freitas/Folha Imagem
Policiais civis e a Vigilância Sanitária arrombam durante operação o labooratório clandestino Naturavit, na Barra Funda


FERNANDA DA ESCÓSSIA
em São Paulo

Uma megaoperação realizada ontem por fiscais da Vigilância Sanitária e policiais do Depatri (Departamento de Investigação de Crimes contra o Patrimônio) interditou dois laboratórios -um deles clandestino- e duas distribuidoras de remédios, também sem registro de funcionamento.
No laboratório Naturavit Indústria e Comércio de Produtos Farmacêuticos, na Barra Funda (zona noroeste), foram apreendidos medicamentos no valor de aproximadamente R$ 2 milhões. O proprietário não fora localizado até 18h.
Os remédios eram fabricados lá, embalados e vendidos como se fossem importados. No galpão onde funcionava o laboratório, os fiscais encontraram frascos em branco e rolos de rótulos.
Entre os produtos apreendidos, quase todos eram energéticos, moderadores de apetite e suplementos de vitaminas, proteínas e sais minerais, comumente vendidos em academias. Havia também potencializadores sexuais.
No galpão onde funcionava o laboratório, havia estantes e caixas com frascos de remédios. Os fiscais encontraram galões de substâncias identificadas como cafeína (estimulante), benzocaína (analgésico) e fenoftaleína (laxante).
Os frascos sem identificação, os rótulos e as substâncias encontradas reforçaram as suspeitas de que os remédios, além de terem sido fabricados sem licença em São Paulo e vendidos como importados, podem também ser falsos, sem princípio ativo.
Amostras dos produtos foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para análise toxicológica. O laudo preliminar, identificando parte da composição dos medicamentos, não havia sido divulgado até 18h.
A operação da Vigilância Sanitária foi feita simultaneamente em cinco pontos de São Paulo e um de Guarulhos, com 15 fiscais e 30 policiais. A intensificação da fiscalização é parte de uma ofensiva do Ministério da Saúde contra remédios falsos e clandestinos.
Em Guarulhos, o laboratório Laborbrás foi interditado porque, segundo a Vigilância Sanitária, estava produzindo medicamentos cujo direito de fabricação ainda não possui. O laboratório tem licença de funcionamento.
"Eles compraram os direitos, mas o processo ainda não tramitou, e a licença de fabricação não foi expedida", afirmou Marisa Lima Carvalho, diretora técnica do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde.
Duas distribuidoras que funcionavam sem licença foram interditadas. Os fiscais tentaram vistoriar dois outros laboratórios, mas os endereços que constavam das notas fiscais eram falsos.
A Vigilância Sanitária tenta localizar o distribuidor de um lote falso de Androcur (usado no combate ao câncer de próstata). O produto foi localizado em Minas Gerais, mas comprado em SP. Os fiscais farão vistorias em academias e pontos onde os produtos do Naturavit podem estar sendo vendidos.



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