São Paulo, sábado, 6 de junho de 1998

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Jornalismo da USP se opõe a exame

da Reportagem Local

O Conselho do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP divulgou ontem documento em que se coloca contra o provão e apóia os alunos que quiserem deixar a prova em branco.
O documento, enviado também ao MEC, pede também que as autoridades de ensino "cancelem esse provão e instaurem um mecanismo mais aberto de discussão de formas de avaliação nas escolas".
Segundo o chefe do departamento, Bernardo Kucinski, a decisão de se opor ao provão foi tomada pelo conselho depois de uma assembléia conjunta de alunos e professores.
Kucinski criticou o fato de o MEC não ter comparecido a uma reunião conjunta com 21 escolas de jornalismo do Estado, marcada para o dia 23 de maio.
"Apesar de terem passagem e hospedagem paga, os membros da comissão que fez o exame não compareceram. Esse provão de jornalismo foi muito mal encaminhado", disse Kucinski.
Ele questionou também o critério adotado para as provas. "Quem disse que uma questão que pede para escrever um texto identifica um bom jornalista?"
O documento defende que a avaliação dos cursos de jornalismo deve fazer parte de "uma ação mais efetiva para a melhoria desses cursos e de discussão mais ampla da política educacional".
No texto enviado ao MEC, o conselho também critica a "distorção" criada pelo provão ao gerar a criação de cursinhos preparatórios nas universidades.
Segundo Rafael Gioelli, coordenador do centro acadêmico da faculdade, em debates e reuniões com os alunos, a entidade defendeu que eles não fizessem a prova ou pelo menos colassem um adesivo de protesto. Ele disse ainda que os alunos estão divididos.
Na ECA, foram convocados para o provão 59 alunos de jornalismo.
O Inep, instituto do MEC responsável pela avaliação, considerou a decisão da ECA surpreendente e equivocada.
Segundo a assessoria de imprensa do instituto, as restrições da escola não foram feitas em nenhum momento na época em que foram pedidas sugestões de nomes para a formação da comissão e quando foram divulgadas as diretrizes do exame, em fevereiro.
Para o Inep, a ECA, conhecida como uma das melhores escolas do país, deveria aproveitar o exame para confirmar isso.



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