São Paulo, sábado, 6 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍCIA
Ricardo Miranda foi preso acusado de chefiar quadrilha que comprava carros com documentos falsos para revender
Preso acusado de golpes de R$ 3 milhões

ANDRÉ MUGGIATI
da Reportagem Local

A Polícia Civil de São Paulo prendeu ontem Ricardo Ramos de Miranda, 31, acusado de ter aplicado pelo menos R$ 3 milhões em golpes de estelionato.
Miranda é acusado de usar identidades falsas e de montar firmas fantasmas para adquirir carros, jet-skis, motocicletas e outros bens que não eram pagos.
Ele já havia sido preso três vezes, acusado de estelionato, o que atribui a uma perseguição da polícia.
Além de Miranda, foram presos sua mulher, Simone Nascimento Miranda, o cunhado José Antônio do Nascimento e José Roberto da Costa, que também fariam parte da quadrilha.
Ontem, após o anúncio da prisão de Miranda no 4º DP, na Consolação (centro de SP), dezenas de supostas vítimas suas foram à delegacia. Entre essas, estava uma advogada que o defendeu em um processo, mas teria tido o cartão de crédito furtado por ele. O cartão foi usado para compras de milhares de reais em Miami.
Policiais de três outras delegacias, em São Paulo e no Guarujá, também reconheceram a fotografia de Miranda. Ele é acusado em pelo menos 28 inquéritos policiais.
Segundo a polícia, para aplicar os golpes, ele se identificava até como coronel da Polícia Militar e sócio do filho de Paulo Maluf.
A prisão de Miranda ocorreu após denúncia anônima, sobre golpes que teriam sido praticados pela empresa Stanford Travel.
O delegado titular do 4º DP, Antônio Barbosa, investigou a empresa junto à Junta Comercial e chegou a um dos "sócios", Sérgio Gonçalves Ferreira. A polícia descobriu que Ferreira tinha tido os documentos roubados e usados para abrir a empresa.
No endereço da empresa, entretanto, a polícia encontrou a casa onde Miranda vivia com os outros acusados. A casa contava com forte esquema de segurança, com 12 PMs fazendo "bico".
Na noite de anteontem, a polícia foi ao local com um mandado judicial e prendeu Simone Miranda e os dois suspeitos. Quatro PMs foram presos pela corregedoria da PM e estão sendo investigados.
Ricardo Miranda não estava em casa. Ele estava internado no hospital Albert Einstein, pois sofre de esclerose múltipla (doença degenerativa dos músculos e articulações). Ontem, entretanto, ele teve alta do hospital e foi preso.
Além do estelionato, Miranda é suspeito de ser o responsável pelo desaparecimento de Robson Luís Vicentin, gerente do banco Nacional que trabalhava com leasing. Ele teria se envolvido em golpes com Miranda e desapareceu misteriosamente.
Segundo Barbosa, os golpes, de Miranda no Brasil e no exterior, podem atingir R$ 10 milhões. Não se sabe o destino do dinheiro.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.