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BARBARA GANCIA
Consulado dos EUA é tão bonzinho
>É de se esperar que o Departamento de Estado cobre explicações de seu cônsul-geral em São Paulo
PARA OS NORTE-AMERICANOS , o
4 de julho é a data nacional
mais importante, o equivalente ao nosso 7 de setembro. O chamado "Independence Day" celebra a
ratificação da declaração da independência, ocorrida em 4 de julho
de 1776, quando as treze colônias
originais do país declararam sua independência do Reino Unido.
Qualquer um que já tenha assistido a um filme produzido em Hollywood sabe que os norte-americanos
usam essa data do calendário para
saudar a bandeira, assistir a queimas
de fogos e se entupir de hambúrgueres e cachorros-quentes.
Pois, neste ano, no consulado dos
EUA em São Paulo, localizado no
bairro de Santo Amaro, a data foi comemorada com um coquetel oferecido pelo cônsul-geral, na segunda-feira, das 19h às 21h, com direito à
execução dos hinos norte-americano e brasileiro e a presença de várias
personalidades. Foi uma festa linda.
Estavam lá para prestigiar a declaração da independência, entre outros,
o ex-governador Orestes Quércia, o
rabino Henry Sobel e o deputado federal Paulo Maluf.
Ora, ora, Paulo Maluf? Alô, Departamento de Estado! Alô, Condoleezza Rice! Alô, Departamento de Justiça! Alô, "attorney general", Alberto
Gonzales! O deputado Maluf não estaria sob investigação a mando do
escritório do promotor distrital de
Nova York, o respeitado Robert
Morgenthau, em processo por lavagem de dinheiro?
O próprio Morgenthau não teria
emitido um pedido para que o senhor Maluf fosse detido caso pisasse
em solo norte-americano? Esse pedido não foi repassado à Interpol e o
ex-prefeito paulistano não estaria
enfrentando dificuldades para entrar em todos os países em que a Interpol atua?
Pelas nossas leis, congressistas só
podem ser julgados pelo Superior
Tribunal Federal. Na prática, são
protegidos contra todo tipo de imputação. Mas será que a eleição de
Maluf a deputado federal no Brasil
tem o efeito milagroso de reverter as
acusações que existem contra ele no
exterior? I don"t think so.
Dona Condoleezza e o juiz Gonzales talvez não saibam, mas nem todo
cidadão brasileiro é recebido com
pompa e circunstância no consulado. Muito menos em dia de comemoração de data nacional importante, como foi o caso do deputado Maluf na segunda-feira passada.
Para o comum mortal que quer ir
estudar ou gastar seu suado dinheiro em férias nos Estados Unidos,
freqüentar o consulado significa padecer em filas e mais filas e nas mãos
dos funcionários a fim de tirar visto
para entrar no país.
Mas, veja: mesmo que Maluf tenha sido o parlamentar mais votado
do Estado, tecnicamente, o consulado é território norte-americano e,
nos Estados Unidos, o ex-prefeito
continua sendo pessoa indesejável.
Ao receber Paulo Maluf em solo
pátrio, o cônsul-geral dos Estados
Unidos acabou dando legitimidade
às assertivas do senhor Maluf, que
sempre negou possuir conta bancária no exterior.
Agora que o leite foi derramado, a
única coisa que se espera é que tanto
o escritório do promotor Robert
Morgenthau quanto o Departamento de Estado cobrem explicações de
Christopher McMullen, o cônsul-geral anfitrião de Maluf.
barbara@uol.com.br
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