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Acordo facilita o acesso a páginas suspeitas no Orkut
Denúncias de crimes levaram o Google, responsável pelo site, a assinar compromisso com Ministério Público em 4 Estados
A medida vai facilitar
o bloqueio de páginas suspeitas e o acesso a dados de usuários; RJ, PE, CE
e MG fecharam acordos
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
A incidência de denúncias de
crimes como pedofilia e difamação no Orkut levou o Google, dono do site de relacionamentos, a assinar acordos com
o Ministério Público em quatro
Estados para facilitar o bloqueio de páginas suspeitas.
Os acordos também poderão
tornar mais fácil o acesso a dados de usuários suspeitos. Isso
porque dados de páginas bloqueadas serão preservados por
um período determinado para
atender eventuais determinações da Justiça brasileira.
O primeiro acordo foi assinado em abril com o Ministério
Público do Rio. Depois vieram
Minas Gerais e Pernambuco.
Nesta semana, houve acordo
com o Ministério Público Federal do Ceará. O Acre deve ter
um acerto em breve.
Pelos compromissos, promotores e procuradores que identificarem irregularidades no site poderão acionar uma equipe
do Google, 24 horas, para pedir
a remoção de conteúdo e a preservação de dados -essas páginas ficarão fora do ar, mas serão mantidas nos arquivos do
Google para serem usadas como eventuais provas.
"Com o acordo, o Google se
protege de ser processado como cúmplice de algum crime",
disse o procurador do MPF-CE
Francisco Macêdo.
No Rio, as remoções já estão
sendo solicitadas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil.
Em Pernambuco, no Ceará e
em Minas, as Promotorias disseram não ter havido tempo de
pôr os acordos em prática.
Por trás desses acertos há um
debate jurídico entre autoridades brasileiras e representantes do Google sobre as responsabilidades da empresa no país.
Em 2006, o Ministério Público Federal em São Paulo intimou diretores do Google no
Brasil a explicar crimes por
meio do Orkut e pediu dados de
perfis e criadores de comunidades do site, o que não ocorreu.
Segundo o Google, a Procuradoria requereu a informação da
parte errada, o Google Brasil,
que não tem acesso aos dados.
Como as bases de dados ficam nos EUA, a empresa alega
que só pode passar dados dos
usuários, como o IP (código que
identifica o computador), com
ordem da Justiça brasileira.
"Nesses últimos casos, apesar da atuação do Ministério
Público, o Judiciário reemitiu
as ordens em nome do Google
Inc., que foram então atendidas", informou a empresa, que
diz que "contribui com as autoridades e sempre aceitou ordens judiciais". "Buscamos
acordos de cooperação porque,
muito embora o conteúdo do
Orkut seja majoritariamente
saudável, ele sofre abusos."
Promotores disseram que,
sem os acordos, o bloqueio de
páginas do Orkut era difícil.
Em um caso recente em Canhotinho (204 km de Recife),
houve necessidade de acionar a
Justiça para suspender páginas. Com o acordo, bastaria o
contato do Ministério Público
com o Google para que as páginas fossem removidas.
São Paulo
Em São Paulo, o Ministério
Público Federal diz ainda não
ter fechado acordo. O órgão está em negociações com o Google desde 2005.
O procurador da República
Sérgio Suiama diz ser a favor
dos acordos, mas discorda de
alguns pontos, como a previsão
de que o Google responderia na
Justiça dos EUA a processos
movidos por eventuais vítimas
de crimes cometidos on-line.
Isso inviabilizaria a ação, diz.
Colaborou VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, da
Reportagem Local
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