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Controle da Anvisa sobre alimentos provoca protesto
Resolução do órgão obriga publicidade a alertar sobre riscos do consumo de substâncias como açúcar e sódio
Indústrias alimentícias e publicitários dizem que a agência não pode legislar no segmento; caso pode ir à Justiça
JAMES CIMINO
FERNANDA BASSETTE
DE SÃO PAULO
Diversas entidades dos setores alimentício e publicitário divulgaram manifesto
contra a decisão da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de alertar os
consumidores sobre substâncias prejudiciais à saúde
presentes nos alimentos.
Pela resolução, em seis meses toda publicidade de alimentos terá que alertar sobre
problemas ocasionados pelo
consumo excessivo de substâncias como açúcar, sódio e
gorduras trans e saturada.
Os avisos serão semelhantes aos presentes em maços
de cigarro: "contém muito sódio e, se consumido em grande quantidade, aumenta o
risco de pressão alta e de
doenças do coração".
O manifesto, assinado por
entidades como as associações brasileiras das indústrias de alimentação e das
agências de publicidade, diz,
em linhas gerais, que a ação
da Anvisa é inconstitucional.
Em nota, a Abert (Associação Brasileira de Emissoras
de Rádio e Televisão), uma
das signatárias do documento, disse considerar que "a
Anvisa excede em suas atribuições ao propor regras à
publicidade" e que o processo legislativo é atribuição do
Congresso Nacional.
A afirmação tem base no
artigo 220 da Constituição. O
texto diz que os produtos sujeitos a restrições na propaganda são tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias.
A ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) disse
que não se pronunciaria antes da reunião com outras associações, na quinta-feira.
Na semana passada, a
Abia (Associação Brasileira
das Indústrias de Alimentos)
anunciou que entraria na Justiça contra a resolução.
Maxiliano D'Ávila de Souza, procurador-chefe da Anvisa, disse que já esperava essa
reação. "O papel da Anvisa é
muito difícil, não dá para
agradar a todos. Por um lado,
eles acharam ruim. Por outro,
entidades ligadas à saúde e
aos direitos das crianças
acharam a norma frouxa."
Segundo Souza, a AGU
(Advocacia Geral da União)
avaliou todos os itens e não
há inconstitucionalidade. A
agência, diz ele, tem atribuição legal para regular a publicidade de produtos nocivos à
saúde. "A Anvisa, como representante legal do poder
público, tem a obrigação de
informar o consumidor."
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