São Paulo, Terça-feira, 06 de Julho de 1999
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TELEFONIA
Empresas não conseguem se comunicar com suas filiais e registram prejuízos
Até importações são afetadas com falhas em interurbanos

da Reportagem Local

A mudança do sistema de ligações DDD (Discagem Direta à Distância) provocou queda de movimento e prejuízos para empresas que dependem de interurbanos em suas atividades.
A Quatro/A, uma das maiores empresas na América Latina no ramo de prestação de serviços em telemarketing, registrou ontem, em média, um volume de ligações em torno de 40% do movimento normal para uma segunda-feira.
Segundo o diretor de operações da empresa, José Luiz Volpini, a Quatro/A recebe diariamente na matriz em São Paulo e nas filiais em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador cerca de 350 mil ligações.
A Brazilian Comércio Exterior Ltda., sediada em São Paulo, não conseguiu, até as 12h, fazer contato com as suas filiais em Porto Alegre, Manaus, Curitiba, Vitória e Rio de Janeiro.
"Nós voltamos à Idade da Pedra. Estamos sem comunicação com as nossas filiais, quer seja por telefone, por Internet ou transmissão de dados", disse Paulo Amorim, assessor da diretoria.
Segundo Amorim, a Brazilian também teve problemas com ligações internacionais, de responsabilidade exclusiva da Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações).
Ele afirma que, até as 16h, a empresa havia conseguido fazer somente duas ligações para Miami, nos Estados Unidos.
De acordo com o assessor, a falta de comunicação deve interromper um fluxo de importação de cerca de duas toneladas em mercadorias que deixarão de ser trazidas do Japão para o Brasil.
Na transportadora HB Cargas, a gerente comercial Tatiana Allers afirma que a empresa havia recebido oito ligações até as 16h de ontem, o que representa menos de 10% do seu movimento diário.
"Nossa filial no Rio de Janeiro conseguiu completar uma ligação para cá até agora. Estou desde cedo tentando falar com eles, sem sucesso", declarou Tatiana, que estimou em 70% a queda no faturamento da empresa ontem.
Na TAM, os danos foram menores porque a companhia aérea dispõe de linhas corporativas, de uso exclusivo.
Normalmente destinadas à transmissão de dados de passageiros e carga, ontem a linha foi compartilhada pelos departamentos administrativos, que não conseguiam comunicação pelas linhas comuns.
Para o diretor da divisão de telecomunicações da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Carlos de Paiva Lopes, deve demorar pelo menos 15 dias para o sistema recuperar a eficiência de antes da mudança.
"Houve mais problemas do que imaginávamos", disse Lopes, que é presidente do conselho administrativo da Ericsson, empresa do ramo de telecomunicações.
O Grupo Pão de Açúcar informou que não conseguiu completar ontem -na primeira tentativa- 30% das ligações interurbanas. O grupo tem 331 lojas em 11 Estados, mas não registrou prejuízos ou atrasos no atendimento de pedidos.
A Rhodia informou que as linhas telefônicas que servem Ribeirão Preto (319 km de SP) e o Sul do país ficaram congestionadas durante todo o dia.
(EDUARDO OLIVEIRA, GONZALO NAVARRETE e RODRIGO VERGARA)

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