|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Coleta seletiva de lixo cresce 38% no país
43,5% dos programas mantêm relação direta com as cooperativas de catadores, reduzindo o custo para as prefeituras
Apesar do crescimento, a seleção atinge apenas 6% das cidades do país (327);
85% delas (279) estão nas regiões Sul e Sudeste
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
A coleta seletiva de lixo cresceu 38% no Brasil nos dois últimos anos, mas ainda atinge
apenas 6% das cidades do país
(327). Do total de cidades com
programas de coleta estruturados, 85% (279) estão nas regiões Sul e Sudeste.
Os dados são da pesquisa Ciclosoft 2006 do Cempre (Compromisso Empresarial pela Reciclagem), entidade sem fins lucrativos fundada em 1992 e
mantida por 22 empresas privadas de diversos setores.
De acordo com o levantamento, como a coleta seletiva
está presente em muitos dos
municípios mais populosos do
país, cerca de 25 milhões de
brasileiros têm acesso a esses
programas -o que não significa
que estejam engajados neles.
Cooperativas
Do total de programas, 43,5%
mantêm relação direta com
cooperativas de catadores. "Essas parcerias, que estão crescendo no país, oferecem melhores condições de operação
às cooperativas e reduzem o
custo da coleta para as prefeituras", disse o diretor-executivo
do Cempre, André Vilhena.
A primeira pesquisa do Cempre sobre o tema é de 1994. Naquele ano, o custo médio da coleta seletiva de uma tonelada
de lixo era de US$ 240 (R$ 523,
pela cotação de anteontem).
Em 2002, com aumento da eficiência dos programas de reciclagem, esse custo caiu para
US$ 70 (R$ 152). Em 2004, no
entanto, o custo da coleta seletiva subiu para US$ 114 (R$
248) a tonelada, e US$ 151 (R$
329), em 2006.
Para o Cempre, isso se deve
ao aumento da coleta informal
por sucateiros e catadores autônomos, o que reduz a produtividade dos programas. "Está
havendo desvio crescente de
recicláveis colocados nas calçadas", disse Vilhena.
Segundo o Cempre, a coleta
seletiva de lixo no Brasil é cinco
vezes mais cara do que a coleta
convencional -em 1994, era
dez vezes mais cara. Isso porque envolve logística específica
(sem o uso de caminhões compactadores, por exemplo) para
volumes menores de coleta.
Estados e cidades
Pelo levantamento do Cempre, São Paulo é o Estado que
tem mais cidades com coleta
seletiva de lixo: são 114. Em seguida estão o Rio Grande do
Sul, com 40 cidades; o Paraná
com 39; Santa Catarina com 33
e Minas Gerais com 28.
As cidades que têm 100% da
população atendida pela coleta
seletiva são Santos, no litoral
sul de São Paulo, Santo André
(SP), Itabira (MG), Curitiba
(PR) e Londrina (PR).
No Rio de Janeiro, por exemplo, a população atendida pela
coleta seletiva é 25%. A pesquisa não traz o índice de São Paulo em 2006 -em 2004, esse índice era de 30%.
A paranaense Londrina é
uma das cidades com maior escala de coleta seletiva do país
-são 1.080 toneladas por mês.
Conta com 27 ONGs que recolhem o lixo reciclável, separado
pela comunidade, em todas as
regiões da cidade. Cerca de 500
famílias são beneficiadas pela
atividade e ganham, em média,
R$ 500 por mês.
Para Vilhena, a coleta seletiva no Brasil está à frente da de
outros países em desenvolvimento, como China, Rússia e
México. Ainda assim, ele destaca problemas como baixa capacitação dos profissionais de
limpeza urbana, escassez de recursos e resposta lenta da população aos investimentos na
área.
Texto Anterior: Filho diz não haver processo nem provas contra Cukurs Próximo Texto: Lixo seleto Índice
|