São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2006

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Coleta seletiva de lixo cresce 38% no país

43,5% dos programas mantêm relação direta com as cooperativas de catadores, reduzindo o custo para as prefeituras

Apesar do crescimento, a seleção atinge apenas 6% das cidades do país (327); 85% delas (279) estão nas regiões Sul e Sudeste

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

A coleta seletiva de lixo cresceu 38% no Brasil nos dois últimos anos, mas ainda atinge apenas 6% das cidades do país (327). Do total de cidades com programas de coleta estruturados, 85% (279) estão nas regiões Sul e Sudeste.
Os dados são da pesquisa Ciclosoft 2006 do Cempre (Compromisso Empresarial pela Reciclagem), entidade sem fins lucrativos fundada em 1992 e mantida por 22 empresas privadas de diversos setores.
De acordo com o levantamento, como a coleta seletiva está presente em muitos dos municípios mais populosos do país, cerca de 25 milhões de brasileiros têm acesso a esses programas -o que não significa que estejam engajados neles.

Cooperativas
Do total de programas, 43,5% mantêm relação direta com cooperativas de catadores. "Essas parcerias, que estão crescendo no país, oferecem melhores condições de operação às cooperativas e reduzem o custo da coleta para as prefeituras", disse o diretor-executivo do Cempre, André Vilhena.
A primeira pesquisa do Cempre sobre o tema é de 1994. Naquele ano, o custo médio da coleta seletiva de uma tonelada de lixo era de US$ 240 (R$ 523, pela cotação de anteontem). Em 2002, com aumento da eficiência dos programas de reciclagem, esse custo caiu para US$ 70 (R$ 152). Em 2004, no entanto, o custo da coleta seletiva subiu para US$ 114 (R$ 248) a tonelada, e US$ 151 (R$ 329), em 2006.
Para o Cempre, isso se deve ao aumento da coleta informal por sucateiros e catadores autônomos, o que reduz a produtividade dos programas. "Está havendo desvio crescente de recicláveis colocados nas calçadas", disse Vilhena.
Segundo o Cempre, a coleta seletiva de lixo no Brasil é cinco vezes mais cara do que a coleta convencional -em 1994, era dez vezes mais cara. Isso porque envolve logística específica (sem o uso de caminhões compactadores, por exemplo) para volumes menores de coleta.

Estados e cidades
Pelo levantamento do Cempre, São Paulo é o Estado que tem mais cidades com coleta seletiva de lixo: são 114. Em seguida estão o Rio Grande do Sul, com 40 cidades; o Paraná com 39; Santa Catarina com 33 e Minas Gerais com 28.
As cidades que têm 100% da população atendida pela coleta seletiva são Santos, no litoral sul de São Paulo, Santo André (SP), Itabira (MG), Curitiba (PR) e Londrina (PR).
No Rio de Janeiro, por exemplo, a população atendida pela coleta seletiva é 25%. A pesquisa não traz o índice de São Paulo em 2006 -em 2004, esse índice era de 30%.
A paranaense Londrina é uma das cidades com maior escala de coleta seletiva do país -são 1.080 toneladas por mês. Conta com 27 ONGs que recolhem o lixo reciclável, separado pela comunidade, em todas as regiões da cidade. Cerca de 500 famílias são beneficiadas pela atividade e ganham, em média, R$ 500 por mês.
Para Vilhena, a coleta seletiva no Brasil está à frente da de outros países em desenvolvimento, como China, Rússia e México. Ainda assim, ele destaca problemas como baixa capacitação dos profissionais de limpeza urbana, escassez de recursos e resposta lenta da população aos investimentos na área.


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