São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997.



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Atuação do grupo confunde

da Sucursal de Brasília

Uma das principais dúvidas da Polícia Civil de Brasília em relação ao caso é se o sequestro foi praticado por "amadores" ou "profissionais".
O governo do Distrito Federal e o pai da vítima, o empresário Luiz Estevão, acreditam que o crime foi cometido por criminosos profissionais.
Para investigadores que atuam no caso, o fato de os criminosos não terem feito contato passadas 12 horas do sequestro é um sinal de que o grupo tem experiência em ações como essa.
Faria parte da lógica da "indústria do sequestro", segundo a polícia, criar um clima de ansiedade na família, que ficaria mais vulnerável e disposta a pagar o resgate o mais rapidamente possível.
Foi considerado também uma ousadia o fato de o sequestro ter ocorrido na porta de uma escola, no momento da chegada dos alunos, numa área com grande movimentação de pessoas.

Amadorismo
Ao lado desse profissionalismo, a polícia viu sinais de amadorismo. Como o fato de os sequestradores terem retirado os capuzes e se deixarem ver de tão perto por várias testemunhas.
Primeiro foram vistos por um professor da Escola Americana, depois por um motorista de uma Kombi escolar.
Os sequestradores também fugiram do local do crime com o freio de mão do Fiat Tempra Preto acionado. Isso gerou uma piada preconceituosa, que confundiu a polícia num primeiro momento: só uma mulher dirigiria de forma tão desajeitada.
Assim as primeiras investigações buscaram uma mulher entre o grupo de sequestradores, o que foi descartado mais tarde.
Outro fato que indicaria o amadorismo do grupo: ao perceber a chegada da policial militar, eles deram vários tiros dentro do carro, quebrando vidros e tendo ao lado a vítima.
Segundo policiais ouvidos pela Folha, essa atitude demonstra que eles estavam despreparados para surpresas como essas.
Poucos sequestros
De acordo com o secretário de Comunicação do Distrito Federal, Luiz Gonzaga Motta, a capital federal não tem grande incidência de sequestros, o que levaria à suspeita de que a ação teria sido planejada por um grupo de outra região.
"Não estamos acostumados com sequestros. A repercussão desse caso nos preocupa", declarou Motta.
De 91 até agora, a Polícia Civil atuou em somente sete sequestros de grande porte. Desse total, seis terminaram com o resgate do sequestrado.
O mais famoso deles foi o sequestro do empresário Wagner Canhedo, principal acionista da Vasp, em julho de 91. Canhedo conseguiu fugir do cativeiro e os cinco sequestradores acabaram presos.
Por suspeitar que os sequestradores de Cleucy sejam profissionais, o governo do Distrito Federal decidiu montar uma megaoperação para tentar solucionar rapidamente o caso e, com isso, afastar possíveis criminosos interessados em se "instalar" na capital federal.
"A gente tem de evitar, banir isso daqui. Temos de mostrar que aqui não é como em outros lugares", afirmou o secretário de Comunicação. (LF/WF)


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