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PLANO DIRETOR
Texto sugere construção de passagens em desnível no centro expandido para aumentar fluidez do trânsito
Projeto prevê obras na avenida Faria Lima
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Plano Diretor aprovado na Câmara prevê a construção de passagens em desnível que eliminariam, até 2012, quatro dos principais cruzamentos de trânsito do
centro expandido de São Paulo.
Entre os pontos atingidos estão os entroncamentos das avenidas
Rebouças e Brasil e da Brigadeiro Faria Lima com Rebouças, Cidade Jardim e Juscelino Kubitschek.
Segundo Maurício Faria, presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), as passagens da Faria Lima, todas subterrâneas, seriam feitas com recursos da operação urbana -que
permite às construtoras pagarem
para erguer prédios superiores ao
previsto pela legislação. "Elas devem mergulhar por baixo da Faria
Lima", diz Maurício Faria, que
pretende fazer até 2004 a primeira, no cruzamento da Juscelino.
Essas obras estão nas diretrizes
de melhoria viária do Plano Diretor. O projeto cita 36 intervenções
pontuais, de diferentes dimensões, para eliminar ou evitar cruzamentos de trânsito em São Paulo -mas não detalha as formas
de construção nem traz estudos
de viabilidade. O objetivo é facilitar a fluidez, prejudicada pelos semáforos. A idéia é polêmica porque pode requerer muitos gastos,
sem a garantia de benefícios significativos ao transporte coletivo.
O presidente da Emurb afirma
que, das três obras na Faria Lima,
a da Juscelino teria ganhos não só
ao tráfego, mas urbanísticos. Ela
prevê um bulevar e retomaria
parte da idéia descartada na gestão Luiza Erundina (89-92) -que
tapou 500 metros escavados por
Jânio Quadros (85-88) na área.
Maurício Faria diz que a contratação do projeto da passagem em
desnível na Cidade Jardim deve
acontecer ainda neste ano. Com
essas obras, os ônibus teriam
prioridade na avenida Faria Lima.
O Plano Diretor prevê que 6 das
36 intervenções em desnível sejam feitas até 2006 -por exemplo, no entroncamento da av. Salim Farah Maluf com as vias de
baixo do viaduto Pires do Rio, na
zona leste; e no das avenidas Interlagos e Nossa Senhora do Sabará, na zona sul. Para 2012, é apontada ainda a eliminação do encontro de veículos das avenidas
Tiradentes e do Estado.
Especialistas
"Esses quatro cruzamentos são
pontos de retardamentos, onde se
perde muito tempo nos semáforos. Mas é preciso estudar e tomar
cuidado com as soluções pontuais. Elas podem ter um benefício pequeno para a quantidade de
dinheiro investida", diz Jaime
Waisman, professor da Escola
Politécnica da USP. "O motorista
passa rápido nesse cruzamento,
mas corre um sério risco de ficar
parado no próximo", afirma.
A necessidade das passagens
em desnível também é questionada pelo urbanista Cândido Malta.
"Não dá para fazer no chute. É
preciso estudar", afirma. Ele defende a análise de alternativas que
poderiam ser mais eficientes para
aumentar a fluidez. Por exemplo,
deixar vias paralelas, como os eixos Faria Lima/Brasil e Rebouças/Nove de Julho, com tráfego
em sentido único -uma, em direção ao centro; outra, ao bairro.
Malta também diz que um investimento maior em transporte
coletivo, oferecendo os microônibus como opção aos automóveis,
reduziria a pressão pela construção de passagens subterrâneas.
O urbanista avalia, porém, que
as diretrizes do Plano Diretor para a rede viária precisam estar sujeitas a mudanças até a conclusão
do Plano de Circulação e Transporte, prevista para abril de 2003.
O engenheiro Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa, diz
que a construção de passagens em
desnível na Faria Lima constava
das exigências do Cades (Conselho Municipal do Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável)
de 1994 para a operação urbana
naquela área. Segundo ele, uma
obras dessas levaria dois anos para ficar pronta. "É uma questão de
avaliar a relação custo/benefício."
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