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CRIME ORGANIZADO
Lula foi informado de plano contra líderes sem-terra, cujo objetivo seria demonstrar a força da facção criminosa
Governo suspeita que PCC quer matar Rainha
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Informado pelo Gabinete de Segurança Institucional de que a organização criminosa paulista
PCC teria um plano para matar os
líderes sem-terra José Rainha Jr. e
Felinto Procópio dos Santos, o
Mineirinho, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva determinou
ontem ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) que reforçasse a segurança dos dois dirigentes
do MST. Eles estão presos numa
penitenciária do interior paulista.
O presidente Lula foi alertado
na manhã de ontem pelo ministro-chefe do Gabinete da Segurança Institucional, general Jorge
Armando Felix, de que o PCC
(Primeiro Comando da Capital)
estaria tramando a morte de Rainha e de Mineirinho para marcar
seus dez anos de existência com
uma ação espetacular.
Motivo: demonstraria força perante autoridades do Executivo,
agentes penitenciários e juízes.
Estes, por exemplo, julgam concessões de eventuais regalias dos
presos, especialmente daqueles
que estão detidos em regimes de
prisão mais rigorosos.
O PCC é suspeito de ordenar a
morte de funcionários de presídio e de magistrados.
Abin
Segundo a Folha apurou, essas
informações foram dadas ao general Felix pela Abin (Agência
Brasileira de Inteligência). Lula ficou muito preocupado e resolveu
agir preventivamente.
Para o presidente, o eventual assassinato de líderes da importância de Rainha, 43, e Mineirinho,
34, poderia radicalizar os ânimos
do MST e aumentar o número de
invasões, que já supera o total do
ano passado.
O governo federal já enfrenta o
descontentamento do MST com a
demissão, nesta semana, de Marcelo Resende da presidência do
Incra. O movimento criticou duramente a decisão, que foi elogiada pelos ruralistas. Teme gerar
uma crise maior, caso morram líderes sem-terra em presídios.
A Folha apurou que uma data
provável para o atentado seria
por volta do dia 20 deste mês, de
acordo com informações obtidas
pela Abin. Ao saber disso, o presidente pediu a Thomaz Bastos que
avisasse o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Lula falou com o ministro da
Justiça antes de viajar para o Rio
Grande do Sul.
Alckmin
Do Palácio da Alvorada, onde
passou a manhã de ontem, o presidente falou por telefone com o
ministro da Justiça. Thomaz Bastos telefonou imediatamente para
Alckmin, já que os líderes do
MST estão presos numa penitenciária sob sua responsabilidade.
Thomaz Bastos colocou a Polícia Federal à disposição do governador Alckmin, que agradeceu,
mas disse que reforçaria por conta própria a segurança de Rainha
e de Mineirinho.
Os dois líderes do MST estão
presos na penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste
de São Paulo), cidade próxima à
região do Pontal do Paranapanema, onde atuam como dirigentes
do MST. O presídio não é considerado de segurança máxima, o
que, em tese, poderia facilitar um
eventual atentado.
Rainha e Mineirinho estão presos desde 11 de julho, acusados de
furto e de formação de quadrilha
na invasão de uma fazenda na região do Pontal do Paranapanema.
Ambos negam a acusação.
Rainha tem uma condenação a
dois anos e oito meses de prisão
por porte ilegal de arma.
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