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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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CRIME ORGANIZADO

Lula foi informado de plano contra líderes sem-terra, cujo objetivo seria demonstrar a força da facção criminosa

Governo suspeita que PCC quer matar Rainha

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Informado pelo Gabinete de Segurança Institucional de que a organização criminosa paulista PCC teria um plano para matar os líderes sem-terra José Rainha Jr. e Felinto Procópio dos Santos, o Mineirinho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ontem ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) que reforçasse a segurança dos dois dirigentes do MST. Eles estão presos numa penitenciária do interior paulista.
O presidente Lula foi alertado na manhã de ontem pelo ministro-chefe do Gabinete da Segurança Institucional, general Jorge Armando Felix, de que o PCC (Primeiro Comando da Capital) estaria tramando a morte de Rainha e de Mineirinho para marcar seus dez anos de existência com uma ação espetacular.
Motivo: demonstraria força perante autoridades do Executivo, agentes penitenciários e juízes. Estes, por exemplo, julgam concessões de eventuais regalias dos presos, especialmente daqueles que estão detidos em regimes de prisão mais rigorosos.
O PCC é suspeito de ordenar a morte de funcionários de presídio e de magistrados.

Abin
Segundo a Folha apurou, essas informações foram dadas ao general Felix pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Lula ficou muito preocupado e resolveu agir preventivamente.
Para o presidente, o eventual assassinato de líderes da importância de Rainha, 43, e Mineirinho, 34, poderia radicalizar os ânimos do MST e aumentar o número de invasões, que já supera o total do ano passado.
O governo federal já enfrenta o descontentamento do MST com a demissão, nesta semana, de Marcelo Resende da presidência do Incra. O movimento criticou duramente a decisão, que foi elogiada pelos ruralistas. Teme gerar uma crise maior, caso morram líderes sem-terra em presídios.
A Folha apurou que uma data provável para o atentado seria por volta do dia 20 deste mês, de acordo com informações obtidas pela Abin. Ao saber disso, o presidente pediu a Thomaz Bastos que avisasse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Lula falou com o ministro da Justiça antes de viajar para o Rio Grande do Sul.

Alckmin
Do Palácio da Alvorada, onde passou a manhã de ontem, o presidente falou por telefone com o ministro da Justiça. Thomaz Bastos telefonou imediatamente para Alckmin, já que os líderes do MST estão presos numa penitenciária sob sua responsabilidade.
Thomaz Bastos colocou a Polícia Federal à disposição do governador Alckmin, que agradeceu, mas disse que reforçaria por conta própria a segurança de Rainha e de Mineirinho.
Os dois líderes do MST estão presos na penitenciária de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo), cidade próxima à região do Pontal do Paranapanema, onde atuam como dirigentes do MST. O presídio não é considerado de segurança máxima, o que, em tese, poderia facilitar um eventual atentado.
Rainha e Mineirinho estão presos desde 11 de julho, acusados de furto e de formação de quadrilha na invasão de uma fazenda na região do Pontal do Paranapanema. Ambos negam a acusação.
Rainha tem uma condenação a dois anos e oito meses de prisão por porte ilegal de arma.


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