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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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Padre Marcelo Rossi estaria na lista de alvos da facção

DA REPORTAGEM LOCAL

Autoridades, diretores de presídio e o padre Marcelo Rossi estão na lista de pessoas sob ameaça de sequestro e atentados que estariam sendo planejados pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo informações reunidas nas últimas duas semanas pelo governo de São Paulo.
Os ataques deveriam marcar os dez anos do surgimento da facção criminosa, criada por presos do Anexo da Casa de Custódia de Taubaté, no Vale do Paraíba, em agosto de 1993. Também serviriam como represália à atual política de isolamento de seus líderes.
Por causa das ameaças, o padre Marcelo Rossi recebeu escolta policial, conforme noticiou ontem o "Jornal da Tarde". "O secretário [Abreu Filho] me falou que eles querem fazer alguma coisa para chocar", disse o padre, ao falar sobre a explicação que recebeu da secretaria ao questionar o motivo da inclusão do seu nome na lista.
A Folha deixa de publicar os nomes das outras pessoas por questões de segurança. No ano passado, uma lista reunida pela polícia colocava pessoas do governo, jornalistas e parentes do governador Geraldo Alckmin (PSDB) como possíveis alvos. Nada disso se comprovou após investigação.
O caso do padre chamou mais a atenção porque, na última quarta-feira, houve um incidente com o carro dele na região da avenida Luís Carlos Berrini. Um Escort teria fechado o veículo em que ele seguia (leia texto nesta página).
Policiais designados pela Secretaria da Segurança Pública estão acompanhando diariamente a agenda do padre, que nesta semana está envolvido na divulgação de seu filme. Ontem, ao falar à Folha sobre o caso, o padre mandou uma mensagem: "Minha missão, quem me conhece, é levar o amor de Deus. Vocês [PCC] também têm uma mãe e um pai. Por mim, eu não tenho medo. Fico triste e preocupado com os meus pais. Não concretizem uma coisa dessas. Sempre estou com a polícia e com as pessoas que estão... frequento os dois lados. Não queiram prejudicar as pessoas que querem fazer o bem".
Somente anteontem o padre explicou aos pais o motivo de estar sendo acompanhado, há duas semanas, por policiais armados.

Informações
A Folha apurou que as ameaças vieram do depoimento de presos das penitenciárias de Presidente Venceslau, Iaras e Avaré, no interior do Estado. Os relatórios da Secretaria da Administração Penitenciária foram repassados à polícia, à Secretaria da Segurança Pública e ao Ministério Público.
Em um dos relatos, um detento afirmou que o padre Marcelo seria sequestrado e que, para isso, já estava sendo monitorado. Os executores do plano já teriam feito inclusive um roteiro descrevendo caminhos e hábitos dele.
O alerta fez com que alguns presos, líderes do PCC, fossem ouvidos e remanejados de prisão. Algumas autoridades, entre elas o secretário da Segurança Pública, reforçaram a escolta pessoal e a de familiares mais próximos.
Por enquanto, o Deic (Departamento Investigações Sobre o Crime Organizado), que apura se as ameaças são verdadeiras, não encontrou pistas concretas.


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