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Padre Marcelo Rossi estaria na lista de alvos da facção
DA REPORTAGEM LOCAL
Autoridades, diretores de presídio e o padre Marcelo Rossi estão
na lista de pessoas sob ameaça de
sequestro e atentados que estariam sendo planejados pelo PCC
(Primeiro Comando da Capital),
segundo informações reunidas
nas últimas duas semanas pelo
governo de São Paulo.
Os ataques deveriam marcar os
dez anos do surgimento da facção
criminosa, criada por presos do
Anexo da Casa de Custódia de
Taubaté, no Vale do Paraíba, em
agosto de 1993. Também serviriam como represália à atual política de isolamento de seus líderes.
Por causa das ameaças, o padre
Marcelo Rossi recebeu escolta policial, conforme noticiou ontem o
"Jornal da Tarde". "O secretário
[Abreu Filho] me falou que eles
querem fazer alguma coisa para
chocar", disse o padre, ao falar sobre a explicação que recebeu da
secretaria ao questionar o motivo
da inclusão do seu nome na lista.
A Folha deixa de publicar os nomes das outras pessoas por questões de segurança. No ano passado, uma lista reunida pela polícia
colocava pessoas do governo, jornalistas e parentes do governador
Geraldo Alckmin (PSDB) como
possíveis alvos. Nada disso se
comprovou após investigação.
O caso do padre chamou mais a
atenção porque, na última quarta-feira, houve um incidente com
o carro dele na região da avenida
Luís Carlos Berrini. Um Escort teria fechado o veículo em que ele
seguia (leia texto nesta página).
Policiais designados pela Secretaria da Segurança Pública estão
acompanhando diariamente a
agenda do padre, que nesta semana está envolvido na divulgação
de seu filme. Ontem, ao falar à Folha sobre o caso, o padre mandou
uma mensagem: "Minha missão,
quem me conhece, é levar o amor
de Deus. Vocês [PCC] também
têm uma mãe e um pai. Por mim,
eu não tenho medo. Fico triste e
preocupado com os meus pais.
Não concretizem uma coisa dessas. Sempre estou com a polícia e
com as pessoas que estão... frequento os dois lados. Não queiram prejudicar as pessoas que
querem fazer o bem".
Somente anteontem o padre explicou aos pais o motivo de estar
sendo acompanhado, há duas semanas, por policiais armados.
Informações
A Folha apurou que as ameaças
vieram do depoimento de presos
das penitenciárias de Presidente
Venceslau, Iaras e Avaré, no interior do Estado. Os relatórios da
Secretaria da Administração Penitenciária foram repassados à
polícia, à Secretaria da Segurança
Pública e ao Ministério Público.
Em um dos relatos, um detento
afirmou que o padre Marcelo seria sequestrado e que, para isso, já
estava sendo monitorado. Os executores do plano já teriam feito
inclusive um roteiro descrevendo
caminhos e hábitos dele.
O alerta fez com que alguns presos, líderes do PCC, fossem ouvidos e remanejados de prisão. Algumas autoridades, entre elas o
secretário da Segurança Pública,
reforçaram a escolta pessoal e a de
familiares mais próximos.
Por enquanto, o Deic (Departamento Investigações Sobre o Crime Organizado), que apura se as
ameaças são verdadeiras, não encontrou pistas concretas.
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