|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PROTESTO ESTUDANTIL
No quinto dia de protestos na capital baiana, Imbassahy afirma que irá discutir principal reivindicação de alunos
Prefeito já admite reduzir tarifa de ônibus
MANUELA MARTINEZ
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
No quinto dia consecutivo de
manifestações promovidas por
estudantes contra o aumento da
tarifa de ônibus em Salvador, o
prefeito da cidade, Antonio Imbassahy (PFL), 53, admitiu ontem, pela primeira vez, estudar a
possibilidade de reduzir o preço
da passagem.
"Na próxima segunda-feira,
vou me reunir com os empresários e técnicos da prefeitura para
discutir o assunto", disse o prefeito à noite. De acordo com os estudantes, a mobilização continua,
até que a tarifa seja reduzida.
A passagem de ônibus passou a
custar, desde sábado, R$ 1,50. Antes, o preço era R$ 1,30.
Ontem, o protesto ganhou mais
força -alunos das principais escolas particulares, cursinhos e faculdades aderiram ao movimento, iniciado na segunda-feira.
Com a mesma tática -ações simultâneas em vários pontos da cidade-, os estudantes conseguiram, pelo quinto dia consecutivo,
paralisar completamente o trânsito nas principais regiões da capital baiana. A Polícia Militar, por
determinação do governador
Paulo Souto (PFL), 59, apenas
acompanhou o movimento.
Para conquistar a "simpatia" da
população, pela manhã, os estudantes liberaram a passagem de
carros pequenos -apenas os ônibus eram retidos. Depois do bloqueio, os manifestantes percorriam os pontos para convocar os
passageiros de cada linha.
"Nós colocamos os passageiros
pela porta da frente para que ninguém pagasse a passagem", disse
o estudante Júlio Alves dos Santos, 17, matriculado no segundo
ano do ensino médio da escola estadual David Mendes Pereira.
No final da manhã, no Tororó
-uma das principais áreas turísticas de Salvador-, cerca de
2.000 estudantes bloquearam a
pista durante 40 minutos para fazer uma caminhada.
Em Ondina (orla), os estudantes distribuíram água e sal para os
passageiros que passaram mal
durante longa espera. "Com o forte calor, muita gente não aguentou a situação", disse Aline Maria
Nascimento Santos, 16, estudante
do segundo ano do ensino médio
em uma escola particular.
Motorista de ônibus há 30 anos,
Adorjival Segundo Fonseca, 50,
disse que apóia a manifestação.
"Recebo R$ 860 por mês para trabalhar como motorista de ônibus
e sei das dificuldades que enfrento, mesmo sem pagar o transporte", afirmou o motorista.
Ao entrar no quinto dia, os manifestantes começaram a enfrentar reação da população. "Não dá
mais para aceitar tanta baderna",
disse Joseana Santana, 35.
Sem ônibus, três universidades
e 14 faculdades e cursinhos suspenderam as aulas ontem.
Desde que a manifestação começou, os estudantes conseguiram que duas reivindicações fossem atendidas pela prefeitura
-utilização da meia passagem
durante o todo o ano (nas férias
escolares e aos finais de semana),
além do congelamento da tarifa
básica até setembro de 2004.
O diretor-executivo do Setps
(Sindicato das Empresas de
Transportes de Passageiros de
Salvador), Horácio Brasil, 55, disse ontem que 200 ônibus foram
depredados desde segunda-feira.
Texto Anterior: Rio: Sobe na terça o pedágio na ponte Rio-Niterói Próximo Texto: Divulgação é feita na sala de aula Índice
|