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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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PROTESTO ESTUDANTIL

No quinto dia de protestos na capital baiana, Imbassahy afirma que irá discutir principal reivindicação de alunos

Prefeito já admite reduzir tarifa de ônibus

MANUELA MARTINEZ
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

No quinto dia consecutivo de manifestações promovidas por estudantes contra o aumento da tarifa de ônibus em Salvador, o prefeito da cidade, Antonio Imbassahy (PFL), 53, admitiu ontem, pela primeira vez, estudar a possibilidade de reduzir o preço da passagem.
"Na próxima segunda-feira, vou me reunir com os empresários e técnicos da prefeitura para discutir o assunto", disse o prefeito à noite. De acordo com os estudantes, a mobilização continua, até que a tarifa seja reduzida.
A passagem de ônibus passou a custar, desde sábado, R$ 1,50. Antes, o preço era R$ 1,30.
Ontem, o protesto ganhou mais força -alunos das principais escolas particulares, cursinhos e faculdades aderiram ao movimento, iniciado na segunda-feira.
Com a mesma tática -ações simultâneas em vários pontos da cidade-, os estudantes conseguiram, pelo quinto dia consecutivo, paralisar completamente o trânsito nas principais regiões da capital baiana. A Polícia Militar, por determinação do governador Paulo Souto (PFL), 59, apenas acompanhou o movimento.
Para conquistar a "simpatia" da população, pela manhã, os estudantes liberaram a passagem de carros pequenos -apenas os ônibus eram retidos. Depois do bloqueio, os manifestantes percorriam os pontos para convocar os passageiros de cada linha.
"Nós colocamos os passageiros pela porta da frente para que ninguém pagasse a passagem", disse o estudante Júlio Alves dos Santos, 17, matriculado no segundo ano do ensino médio da escola estadual David Mendes Pereira.
No final da manhã, no Tororó -uma das principais áreas turísticas de Salvador-, cerca de 2.000 estudantes bloquearam a pista durante 40 minutos para fazer uma caminhada.
Em Ondina (orla), os estudantes distribuíram água e sal para os passageiros que passaram mal durante longa espera. "Com o forte calor, muita gente não aguentou a situação", disse Aline Maria Nascimento Santos, 16, estudante do segundo ano do ensino médio em uma escola particular.
Motorista de ônibus há 30 anos, Adorjival Segundo Fonseca, 50, disse que apóia a manifestação. "Recebo R$ 860 por mês para trabalhar como motorista de ônibus e sei das dificuldades que enfrento, mesmo sem pagar o transporte", afirmou o motorista.
Ao entrar no quinto dia, os manifestantes começaram a enfrentar reação da população. "Não dá mais para aceitar tanta baderna", disse Joseana Santana, 35.
Sem ônibus, três universidades e 14 faculdades e cursinhos suspenderam as aulas ontem.
Desde que a manifestação começou, os estudantes conseguiram que duas reivindicações fossem atendidas pela prefeitura -utilização da meia passagem durante o todo o ano (nas férias escolares e aos finais de semana), além do congelamento da tarifa básica até setembro de 2004.
O diretor-executivo do Setps (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Salvador), Horácio Brasil, 55, disse ontem que 200 ônibus foram depredados desde segunda-feira.


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