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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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Divulgação é feita na sala de aula

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Os estudantes que desde segunda protestam em Salvador usam um "flash mob" (manifestação organizada pela internet) menos sofisticado para combinar ações.
Além do computador (item raro nas casas dos alunos da rede pública), eles usam panfletos, faixas, cartazes e a propaganda boca a boca para convocar colegas. "Entramos na classe, explicamos os motivos do movimento e chamamos nossos colegas para ir às ruas", diz Luís Fernando Fróes, 18, que faz o terceiro ano do ensino médio na escola estadual Odorico Tavares, centro da cidade.
Para driblar a crise financeira, muitos recorrem a sindicatos e partidos de esquerda, principalmente os filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), para obter suporte à mobilização.
"Não pedimos dinheiro de jeito nenhum. O que reivindicamos é a liberação de toda a infra-estrutura necessária ao movimento, como o empréstimo de carros de som e a impressão de alguns cartazes", afirmou Janaína de Jesus, 14, que está matriculada em outra escola estadual, a Oliveira Brito, no bairro de Boca da Mata (periferia).
Os alunos também têm apoio dos pais. Desde o início do movimento, a rádio Metrópole tem recebido ligações de pais eufóricos "com os atos heróicos" dos filhos. "É claro que a gente fica gratificada quando vê que tem apoio dentro de casa", diz Juliana Magalhães, 17, que está no segundo ano do ensino médio no particular Isba (Instituto Social da Bahia).
Os pais de Magalhães pagam mensalidade de R$ 520. "Os meus pais podem pagar. Mas não sou e não vou ficar indiferente à realidade do país. Quero lutar por uma sociedade mais justa."
Nas ligações para a Metrópole, os pais pedem músicas ("Coração de Estudante", "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores" e "Alegria, Alegria") que lembram manifestações ocorridas no país.
Dono da emissora, o ex-prefeito Mário Kértesz, 59, também tem sido criticado. "Ele inflama os alunos, informando onde estão ocorrendo os protestos", diz o comerciante Antonio Dias Moreira, 43.
Kértesz nega influência no "sucesso" do movimento. "Não estou inventando fatos. Da mesma forma que recebo críticas, também recebo elogios por orientar as pessoas no trânsito." Kértesz, hoje sem partido, era filiado ao PMDB e, em 2002, chegou a ser apresentador do programa eleitoral do PT em rede nacional. (LF)


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