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Divulgação é feita na sala de aula
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Os estudantes que desde segunda protestam em Salvador usam
um "flash mob" (manifestação
organizada pela internet) menos
sofisticado para combinar ações.
Além do computador (item raro nas casas dos alunos da rede
pública), eles usam panfletos, faixas, cartazes e a propaganda boca
a boca para convocar colegas.
"Entramos na classe, explicamos
os motivos do movimento e chamamos nossos colegas para ir às
ruas", diz Luís Fernando Fróes,
18, que faz o terceiro ano do ensino médio na escola estadual Odorico Tavares, centro da cidade.
Para driblar a crise financeira,
muitos recorrem a sindicatos e
partidos de esquerda, principalmente os filiados à CUT (Central
Única dos Trabalhadores), para
obter suporte à mobilização.
"Não pedimos dinheiro de jeito
nenhum. O que reivindicamos é a
liberação de toda a infra-estrutura
necessária ao movimento, como o
empréstimo de carros de som e a
impressão de alguns cartazes",
afirmou Janaína de Jesus, 14, que
está matriculada em outra escola
estadual, a Oliveira Brito, no bairro de Boca da Mata (periferia).
Os alunos também têm apoio
dos pais. Desde o início do movimento, a rádio Metrópole tem recebido ligações de pais eufóricos
"com os atos heróicos" dos filhos.
"É claro que a gente fica gratificada quando vê que tem apoio dentro de casa", diz Juliana Magalhães, 17, que está no segundo ano
do ensino médio no particular Isba (Instituto Social da Bahia).
Os pais de Magalhães pagam
mensalidade de R$ 520. "Os meus
pais podem pagar. Mas não sou e
não vou ficar indiferente à realidade do país. Quero lutar por
uma sociedade mais justa."
Nas ligações para a Metrópole,
os pais pedem músicas ("Coração
de Estudante", "Pra Não Dizer
que Não Falei das Flores" e "Alegria, Alegria") que lembram manifestações ocorridas no país.
Dono da emissora, o ex-prefeito
Mário Kértesz, 59, também tem
sido criticado. "Ele inflama os alunos, informando onde estão ocorrendo os protestos", diz o comerciante Antonio Dias Moreira, 43.
Kértesz nega influência no "sucesso" do movimento. "Não estou inventando fatos. Da mesma
forma que recebo críticas, também recebo elogios por orientar
as pessoas no trânsito." Kértesz,
hoje sem partido, era filiado ao
PMDB e, em 2002, chegou a ser
apresentador do programa eleitoral do PT em rede nacional.
(LF)
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