São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2004

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TORNEIRA ABERTA

Valor é metade do investimento de 2004

Sabesp perde R$ 48 mi por ano com ligações clandestinas na Grande SP

CLAYTON FREITAS
DO "AGORA"

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) registra um prejuízo de R$ 48 milhões por ano com os chamados "gatos" na rede -os desvios clandestinos de água e também as adulterações nos hidrômetros. Essa é a estimativa de perda de arrecadação em sua área de atuação na Grande São Paulo, que abrange 37 municípios.
O valor que é desviado dessa forma corresponde a 1,2% do faturamento anual da empresa estatal -que, no ano passado, chegou a R$ 4,1 bilhões. Representa quase a metade do que a Sabesp pretende investir neste ano da região metropolitana de São Paulo, já que a previsão para este ano é de R$ 105 milhões.
A situação afeta as intervenções planejadas pela companhia. "Poderíamos fazer atualmente pelo menos 50% a mais do que pretendemos fazer em investimento, mas não podemos por conta desse prejuízo", afirma Francisco José Paracampos, o superintendente da unidade responsável pela região central da Sabesp.

"Ação de inteligência"
Para tentar evitar um rombo ainda maior em seu faturamento e o desperdício de água, a companhia tem à disposição uma equipe formada por 300 integrantes, os chamados "caça-fraudes".
O grupo possui três estratégias para combater os "gatos". Uma delas é o recebimento de denúncias -feitas, geralmente, pelo telefone de atendimento geral da empresa, o 195.
Outra tática para eliminar as irregularidades é a leitura dos hidrômetros, que registram o volume consumido por cada ponto. A terceira medida é recorrer a uma espécie de trabalho de "inteligência". A empresa realiza um cruzamento de informações de consumo no banco de dados e detecta irregularidades.
De acordo com os números da estatal paulista, são realizadas, em média, 2.150 inspeções a cada mês na Grande São Paulo. Cerca de 65% dos casos são comprovados como fraude. As ações recuperam mensalmente R$ 660 mil.

Penalidades
Depois de ser feita a detecção da fraude, a Sabesp analisa cada caso para adotar uma providência, já que a empresa não possui poder de polícia para prender os consumidores flagrados.
Segundo o superintendente da unidade do centro, nem todas as irregularidades são convertidas em boletins de ocorrência. Somente 10% das fraudes detectadas vão parar na polícia, afirma Paracampos. "Primeiramente tentamos fazer um acordo para que a pessoa pague o débito. Apenas fazemos [um boletim de ocorrência] quando há reincidência, grandes fraudes e assuntos complexos", afirmou.
Se o acordo não for feito e o caso chegar à delegacia, são convocados os técnicos do IC (Instituto de Criminalística) para fazer um laudo. Se a fraude for confirmada, o documento passa a ser anexado ao inquérito policial.

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