São Paulo, terça-feira, 06 de setembro de 2005

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Especialistas apontam falta de estudo prévio

DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas em infra-estrutura aeroportuária e em turismo consultados pela Folha concordam, em tese, que a reforma e ampliação do aeroporto de Itanhaém, no litoral de São Paulo, é uma obra indutora de novos negócios.
Mas ressaltam que o governo estadual deveria ter utilizado um estudo de demanda para avaliar a relação custo-benefício do empreendimento antes de decidir pela sua realização.
Cláudio Jorge Alves, professor titular de infra-estrutura aeroportuária do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), questiona um dos argumentos usados pelo Estado para justificar a reforma -a suposta melhora da cobertura aérea.
"Quantos aviões já precisaram pousar lá? Será que é um número grande que justifica uma pista desse tamanho?", pergunta.
Funcionários do aeroporto e da Prefeitura de Itanhaém disseram não se lembrar de nenhuma situação de emergência ocorrida na última década na região.
Na mesma linha de raciocínio do professor do ITA, o engenheiro Ernesto Klotzel, especialista em aeronaves, acha fraco o argumento do governo estadual. "Itanhaém é muito perto de Congonhas. Um piloto teria de estar em uma situação muito desesperadora para ter de pousar no litoral, pois em cinco minutos ele alcançaria Congonhas", diz.
Já Luiz Gustavo Barbosa, especialista em turismo e hotelaria da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, afirma que melhorias na infra-estrutura são sempre positivas. "Investimentos atraem investimentos, mesmo que a longo prazo. A ampliação é positiva."
No entanto, ele diz que estudos de demanda são essenciais para conjugar a expansão turística de uma região à infra-estrutura adequada para seu tamanho.

Otimismo
O prefeito em exercício de Itanhaém, Ruy Santos (PSDB), mostra-se otimista com "as novas perspectivas que se abrem para o município" com o aeroporto.
"A CVC vende 6.000 pacotes por mês para cidadãos da Baixada Santista, a maior parte com destino a cidades do Nordeste. Estamos negociando com a TAM para fazer vôos fechados sem que a clientela tenha de subir a serra para pegar o vôo."
A TAM disse não haver nenhum estudo para vôos fechados saindo de Itanhaém.
A CVC, maior operadora turística do país, diz que o litoral sul não é o foco de seus novos negócios. O único projeto em desenvolvimento é uma linha rodoviária em direção a Santos. (FS)


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