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CRÔNICA DO DESESPERO
Família do pai de Jhéck é contra a eutanásia
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A intenção do recepcionista Jeson de Oliveira, 35, de buscar autorização judicial para realizar a
eutanásia no filho Jhéck Breener
de Oliveira, 4, não encontrou respaldo em sua família. Um dos irmãos quer, inclusive, que ele seja
internado para fazer tratamento,
pois estaria "desesperado".
De acordo com Erlan Soares de
Oliveira, 34, irmão de Jeson, a família não está ao lado do pai de
Jhéck porque tem formação católica e acredita que a eutanásia não
é a melhor medida para a criança.
"Acredito que ele está agindo movido pelo desespero. Somos contra a decisão dele e ficamos até
meio constrangidos com isso,
porque ninguém está apoiando o
Jeson", afirmou Erlan.
De acordo com ele, o irmão está
desesperado por não ter condições de ver o filho na situação em
que está. Vítima de uma doença
degenerativa do sistema nervoso
central, Jhéck apresenta um quadro de saúde irreversível.
Internado há quatro meses de
forma ininterrupta no CTI (Centro de Terapia Intensiva) Infantil
do hospital Unimed de Franca, ele
já perdeu os movimentos dos braços, das pernas e do pescoço, não
fala, não enxerga, utiliza uma sonda para ser alimentado e respira
com o auxílio de aparelhos.
"O Jeson está muito abalado e
precisa de ajuda. Estamos tentando convencê-lo a procurar uma
internação, porque está desorientado. Queria que ele desistisse e
cuidasse da sua cabeça. Também
quero o melhor para o meu irmão, que foi se afastando da família conforme a criança ficava
doente", disse Erlan, que dos nove irmãos é o que tem maior ligação com o pai de Jhéck.
Jeson, por sua vez, disse que não
tem ligação com a família e sabia
que lutaria "contra o mundo".
"Minha família não passa o que
eu passo", afirmou.
Ontem, o pai de Jhéck disse à reportagem da Folha que já possui
os documentos necessários para
entrar na Justiça e pedir autorização para realizar a eutanásia no filho. São dois laudos, de hospitais
de Ribeirão e São Paulo, segundo
seu advogado, Marcos Antonio
Diniz, que ontem à noite discutiria a estratégia com seu cliente.
Como a família de Jeson mora
em Ribeirão Preto, o pedido pode
ser protocolado na cidade -a intenção é evitar que a comoção
causada pelo caso em Franca possa envolver o Judiciário.
Para fugir do assédio da imprensa e dos pedidos para que desista da ação judicial que enfrentava diariamente nas ruas de
Franca, o pai de Jhéck disse que
passou o final de semana em um
sítio com amigos em Minas
Gerais.
Doações
A família de Rosemara dos Santos Souza, 22, mãe de Jhéck, recebeu anteontem, em um programa
de TV, uma ajuda de R$ 20 mil.
Segundo Rosemara, o dinheiro
servirá para a compra de equipamentos necessários para levar
Jhéck para casa -o custo é de R$
40 mil a R$ 60 mil.
O pai do menino, disse ser contra as doações. "Não concordo.
Queria que alguém fiscalizasse o
uso do dinheiro", afirmou.
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