DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de cem crianças foram deixadas sem acesso a esgoto e água potável pelas administrações Geraldo Alckmin (PSDB) e José Serra (PSDB), segundo o Ministério Público do Estado de São Paulo. A alimentação vem de doações. A luz, de ligação clandestina.
A Promotoria da Infância e da Juventude ingressou com ação contra o Estado e o município por não terem garantido direitos básicos às crianças, expulsas em março deste ano com suas famílias de um terreno da Eletropaulo em Capela do Socorro, periferia da zona sul da capital. Segundo o promotor Vidal Serrano Nunes Júnior, um dos autores da ação, foi negado às crianças o direito a ter direitos, "preconizado pela cientista política Hanna Arendt [1906-1975] como requisito mínimo de dignidade."
As famílias, sem ter para onde ir, abrigaram-se na praça da Paz, a dois quarteirões do terreno da Eletropaulo.
A maioria das crianças não freqüenta a escola por ser alvo de discriminação de outros alunos. Parte pede esmolas em faróis da região. Uma das promessas da administração Serra é acabar com as esmolas nos faróis.
A assessoria do prefeito informou que a Secretaria da Assistência Social está acompanhando as famílias, mas que a solução é discutida com o governo Alckmin. Até o fechamento desta edição, o governo do Estado não havia se manifestado."Em cinco meses já daria para ter feito alguma coisa", diz o promotor. (FABIANE LEITE)


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