São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2006

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Neve atinge ao menos 60 cidades do Sul

Temperaturas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina chegaram a -5C; após 22 anos, voltou a cair neve em Porto Alegre

Ciclone extratropical associado à massa de ar polar acentuou frio; ressaca causou prejuízos no litoral do Rio de Janeiro e de SP

DA AGÊNCIA FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Nevou ontem em pelo menos 60 cidades do Sul do país. Municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina amanheceram cobertos de gelo. Porto Alegre, após 22 anos, registrou o fenômeno na forma de flocos.
O frio foi intenso. São Joaquim, em Santa Catarina, registrou -5C -a temperatura mais baixa em setembro desde 1990-, o que a deixou lotada de turistas. No Vale do Itajaí, as mínimas bateram todos os recordes desde a instalação da estação meteorológica, há mais de 20 anos.
Em Chapecó, no extremo oeste de Santa Catarina, os habitantes enfrentaram -1C. Urubici teve cerca de 15 cm de neve na localidade conhecida como morro da Igreja.
Só no Rio Grande do Sul, 53 municípios tiveram neve -a maioria na forma granular. Em todas as cidades a mais de mil metros de altitude houve acúmulo de gelo. São José dos Ausentes teve -4,9C.
Segundo o meteorologista Eugênio Hackbart, da MetSul Meteorologia, um ciclone extratropical associado à massa de ar polar foi o principal responsável pelas baixas acentuadas. "Devido ao movimento de rotação, que chegou à velocidade de 109 km/h, ele conseguiu transportar o ar gelado da Patagônia em direção ao Sul", diz. O fenômeno provocou ainda ressaca e alagamentos no litoral.
No Rio de Janeiro, a força da ressaca, com ondas de aproximadamente 3,5 m, derrubou parte do guarda-corpo de madeira e levantou diversas tábuas que formam o deque do mirante da avenida Niemeyer (zona sul). No Leblon, na altura do posto 11, a ressaca arrastou 1,5 tonelada de areia para o calçadão e para a ciclovia.
Uma equipe de 12 garis munidos de microtratores e pás foi enviada à praia, mas o trabalho parecia não ter fim. A cada nova onda, a ciclovia se enchia de água e areia novamente.
"Trabalho aqui há dez anos e nunca vi uma ressaca tão forte. Não me lembro de ter visto ondas destruindo o mirante", disse à Folha o vendedor Edivan Martins, que, a pedido da Defesa Civil carioca, manterá seu quiosque fechado pelo menos até hoje.
"As ondas estão muito altas e estão danificando a estrutura. Tivemos que isolar a área preventivamente e decidimos fechar os quiosques do mirante para ver se o número de pessoas que estão por aqui diminui. Quem optar por cruzar a nossa faixa e ficar no deque, sem dúvida, se arriscará muito", afirmou o engenheiro da Defesa Civil Antônio Maciel.
Segundo a Marinha, nenhum pedido de socorro havia sido registrado na costa fluminense até o fechamento desta edição.
A ressaca deve durar até esta noite. Continuarão também as baixas temperaturas observadas no Rio desde o início da semana. De acordo com o Inmet, as madrugadas serão frias, com cerca de 9C. Só no domingo a temperatura deve subir.
A ressaca também atingiu o litoral paulista, provocando estragos anteontem e ontem nas orlas de Santos e do Guarujá, na Baixada Santista. As ondas chegaram a 2 m.
Ontem à tarde, a água do mar encobriu toda a faixa de areia das praias de Santos e chegou a invadir uma das pistas da avenida Samuel Leão de Moura, no bairro da Ponta da Praia.

Granizo
Uma chuva de granizo na madrugada de ontem, que durou entre dez e 15 minutos, provocou destruição e prejuízos e levou a Prefeitura de Vargem Alta, na região serrana do Espírito Santo, a anunciar que vai decretar situação de emergência.
Os maiores prejuízos ocorreram nas plantações de café, tomate, hortaliças e banana. Houve também destelhamento de casas, mas não foram registrados casos de desalojados ou desabrigados. (THIAGO REIS, CRISTINA TARDÁGUILA, e MARIANA CAMPOS)


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