|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Neve atinge ao menos 60 cidades do Sul
Temperaturas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina chegaram a -5C; após 22 anos, voltou a cair neve em Porto Alegre
Ciclone extratropical associado à massa de ar polar acentuou frio; ressaca causou prejuízos no litoral do Rio de Janeiro e de SP
DA AGÊNCIA FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Nevou ontem em pelo menos
60 cidades do Sul do país. Municípios do Rio Grande do Sul e
de Santa Catarina amanheceram cobertos de gelo. Porto
Alegre, após 22 anos, registrou
o fenômeno na forma de flocos.
O frio foi intenso. São Joaquim, em Santa Catarina, registrou -5C -a temperatura mais
baixa em setembro desde
1990-, o que a deixou lotada de
turistas. No Vale do Itajaí, as
mínimas bateram todos os recordes desde a instalação da estação meteorológica, há mais
de 20 anos.
Em Chapecó, no extremo
oeste de Santa Catarina, os habitantes enfrentaram -1C.
Urubici teve cerca de 15 cm de
neve na localidade conhecida
como morro da Igreja.
Só no Rio Grande do Sul, 53
municípios tiveram neve -a
maioria na forma granular. Em
todas as cidades a mais de mil
metros de altitude houve acúmulo de gelo. São José dos Ausentes teve -4,9C.
Segundo o meteorologista
Eugênio Hackbart, da MetSul
Meteorologia, um ciclone extratropical associado à massa
de ar polar foi o principal responsável pelas baixas acentuadas. "Devido ao movimento de
rotação, que chegou à velocidade de 109 km/h, ele conseguiu
transportar o ar gelado da Patagônia em direção ao Sul", diz. O
fenômeno provocou ainda ressaca e alagamentos no litoral.
No Rio de Janeiro, a força da
ressaca, com ondas de aproximadamente 3,5 m, derrubou
parte do guarda-corpo de madeira e levantou diversas tábuas que formam o deque do
mirante da avenida Niemeyer
(zona sul). No Leblon, na altura
do posto 11, a ressaca arrastou
1,5 tonelada de areia para o calçadão e para a ciclovia.
Uma equipe de 12 garis munidos de microtratores e pás foi
enviada à praia, mas o trabalho
parecia não ter fim. A cada nova
onda, a ciclovia se enchia de
água e areia novamente.
"Trabalho aqui há dez anos e
nunca vi uma ressaca tão forte.
Não me lembro de ter visto ondas destruindo o mirante", disse à Folha o vendedor Edivan
Martins, que, a pedido da Defesa Civil carioca, manterá seu
quiosque fechado pelo menos
até hoje.
"As ondas estão muito altas e
estão danificando a estrutura.
Tivemos que isolar a área preventivamente e decidimos fechar os quiosques do mirante
para ver se o número de pessoas que estão por aqui diminui. Quem optar por cruzar a
nossa faixa e ficar no deque,
sem dúvida, se arriscará muito", afirmou o engenheiro da
Defesa Civil Antônio Maciel.
Segundo a Marinha, nenhum
pedido de socorro havia sido
registrado na costa fluminense
até o fechamento desta edição.
A ressaca deve durar até esta
noite. Continuarão também as
baixas temperaturas observadas no Rio desde o início da semana. De acordo com o Inmet,
as madrugadas serão frias, com
cerca de 9C. Só no domingo a
temperatura deve subir.
A ressaca também atingiu o
litoral paulista, provocando estragos anteontem e ontem nas
orlas de Santos e do Guarujá,
na Baixada Santista. As ondas
chegaram a 2 m.
Ontem à tarde, a água do mar
encobriu toda a faixa de areia
das praias de Santos e chegou a
invadir uma das pistas da avenida Samuel Leão de Moura,
no bairro da Ponta da Praia.
Granizo
Uma chuva de granizo na
madrugada de ontem, que durou entre dez e 15 minutos, provocou destruição e prejuízos e
levou a Prefeitura de Vargem
Alta, na região serrana do Espírito Santo, a anunciar que vai
decretar situação de emergência.
Os maiores prejuízos ocorreram nas plantações de café, tomate, hortaliças e banana.
Houve também destelhamento
de casas, mas não foram registrados casos de desalojados ou
desabrigados.
(THIAGO REIS, CRISTINA TARDÁGUILA, e MARIANA CAMPOS)
Texto Anterior: Saúde: Hospital do Campo Limpo promove curso Próximo Texto: Frio mata morador de rua em SP e deve continuar durante o feriado prolongado Índice
|