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Polícia Militar usa pit bulls no combate a rebeliões
Agressivos, cães também são utilizados
em perseguições e partidas de futebol
"Se o pit bull atacar, o efeito
será desastroso: vai
machucar, pois se comporta
como em uma caçada", diz o
coronel Mascarenhas
KLEBER TOMAZ
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Militar de São Paulo
usa uma arma polêmica: tem
em média 25 kg, atinge cerca de
40 km/h, alcança mais de dois
metros de altura e amedronta
de longe. Policiais militares estão usando pit bulls para perseguir fugitivos em matas fechadas, conter rebeliões e dispersar brigas em jogos de futebol.
A polêmica fica por conta da
agressividade da raça, segundo
especialistas. "Ele tem uma índole mais agressiva, um comportamento, muitas vezes, imprevisível", afirma Elisabete
Aparecida da Silva, veterinária
do CCZ (Centro de Controle de
Zoonoses). "Não sei dizer se daria certo na polícia."
Apenas na última semana,
seis pessoas foram vítimas de
pit bulls no Estado de São Paulo. Uma delas, um aposentado
de 76 anos, morreu na capital.
Atualmente, há três cães da
raça na corporação. Dois já foram "efetivados" pela PM. Um
deles é Shiva, 4, de Franco da
Rocha (43 km de São Paulo),
que atua em rebeliões e busca
foragidos e perdidos na mata.
Já o pit bull Mister Bean, 7,
do Vale do Paraíba (interior do
Estado), deve se aposentar em
2008. O coronel Sérgio Alves,
comandante na região, diz que
nunca ocorreu um acidente.
"Ele é muito útil em rebelião
porque os presos o respeitam."
O terceiro passa por testes de
adestramento, obediência e policiamento: Maximus, 1, treina
há quatro meses em Santos (85
km da capital) e precisa de mais
dois para ser aprovado ou não.
Segundo policiais como o
major Armando Bezerra Leite,
de Santos, embora seja pequeno, a vantagem no uso de pit
bulls está no porte robusto e
ágil. Mas há quem discorde, como o próprio coronel Alves, do
Vale do Paraíba. "O pastor alemão é melhor. Não defendo a
incorporação do pit bull como
padrão na polícia."
Já os defensores dos pit bulls
torcem para que eles sigam o
mesmo caminho do pastor alemão e do rottweiler na polícia.
"Estamos quebrando um paradigma", diz o coronel Wanderley Mascarenhas, comandante
do 26º Batalhão da PM de
Franco da Rocha. "De dez pit
bulls, aproveitamos um ou dois.
Eles costumam ser mais resistentes e suportam longas distâncias, mas é muito cedo para
dizer que serão incorporados."
O caráter do cão, afirma o soldado Marcelo Mattos, tratador
de Shiva, é moldado no ambiente. "Ele foi desenvolvido
para atacar búfalos e cães, mas,
se for submisso, obedecerá."
Ataque sem fim
O zootecnista Alexandre
Rossi, especializado em comportamento canino, acha possível o uso da raça na polícia desde que bem treinada, mas diz
que o pit bull tem dificuldade
de parar um ataque.
"Se o pit bull atacar, o efeito
será desastroso: vai machucar,
pois ele se comporta como em
uma caçada", confirma o coronel Mascarenhas.
Para Rossi, essa é grande desvantagem do pit bull em relação ao pastor alemão, ao labrador e ao rottweiler, raças usadas pela polícia. "O labrador é
bom farejador, o pastor está
sempre disposto a fazer atividades, e o rottweiler é inteligente. Mas todos podem ser
agressivos. O problema do pit
bull é que ele ataca até o fim."
Cada vez que um ataque de
pit bull ocorre, o CCZ da capital
vê explodir o número desses
cães abandonados nas ruas. Em
2006, 352 pit bulls chegaram ao
centro. Neste ano, eram 669 até
domingo. "A maioria dos cães
vai para a adoção", diz Elisabete, do CCZ. "Mas um pit bull
não, por causa de sua índole."
Mais dia, menos dia, eles serão
sacrificados.
Procurado pela Folha para
comentar o uso dos pit bulls
pela PM, o secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, não telefonou de volta.
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