São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Delegado do Rio atribui atentado a "poderosos"

Alexandre Neto tem como principal suspeito o deputado estadual Álvaro Lins

"É possível, tudo é possível. Não posso creditar a ele, embora ele seja meu inimigo", afirmou o policial; deputado repudia acusações

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

DIANA BRITO
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O delegado Alexandre Neto atribui o atentado que sofreu a "pessoas poderosas", que tiveram "interesses importantes contrariados, interesses políticos principalmente". Ele se refere ao deputado estadual Álvaro Lins, ex-chefe de Polícia Civil. Embora não o acuse diretamente em entrevistas dadas ontem no hospital, Neto tem Lins como principal suspeito, como evidenciou nas respostas.
"Ele é homem de uma ganância desmesurada, de uma vaidade desmesurada. Ele chegou ao ponto de passar por mim na Assembléia, quando fui a uma manifestação, e me falar um palavrão. Respondi na mesma hora. Não sei [se Lins mandou matá-lo]. É possível, tudo é possível. Não posso creditar a ele, embora seja meu inimigo", afirmou.
Adjunto da DAS (Divisão Anti-Seqüestro, da Polícia Civil), Neto, 48, foi baleado pelo menos cinco vezes na tarde de domingo em frente ao prédio em que mora, em Copacabana (zona sul). Não corre risco de morte, mas teve o dedo médio da mão direita amputado por conta dos ferimentos causados pelos tiros de pistola calibre 380.
Embora negue a autoria, Neto é considerado na Polícia Civil como o autor do dossiê apócrifo enviado em 2005 à Polícia Federal com acusações contra Lins-à época à frente da Polícia Civil e homem de confiança da então governadora Rosinha Garotinho e de seu marido, o ex-governador Anthony Garotinho (ambos do PMDB).
A investigação da PF resultou em inquérito que concluiu que Lins integra uma organização criminosa formada por policiais, bicheiros, donos de bingos e exploradores de caça-níqueis. Três de seus principais auxiliares foram presos.
Em artigos publicados em "O Globo" nos últimos dois anos, Neto fez acusações contra o ex-chefe e seu suposto grupo. "O que eu escrevi contra ele foi verdade, tanto que nunca fui processado por ele."
Sobre o atentado, disse ter tido sorte e que o criminoso "foi incompetente". Policial há 20 anos, Neto previu problemas para o autor dos disparos, do qual suspeita ser policial. "Se ele fez o serviço malfeito talvez estejam cobrando dele, talvez nem esteja vivo ou esteja preocupado com o que pode acontecer com ele. Porque se transformou em arquivo valioso."


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