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Prefeitura de São Paulo pretende criar "provão do professor"
Objetivo é detectar deficiências para direcionar cursos de aperfeiçoamento; avaliação, independentemente do desempenho, será usada na progressão da carreira
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A gestão do prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab (DEM),
pretende implementar um exame de avaliação para os professores da rede a fim de detectar
problemas e direcionar os cursos de aperfeiçoamento profissional. Além disso, o "provão do
professor" será levado em conta para a evolução da carreira
do docente e, conseqüentemente, nos aumentos salariais.
Atualmente, o professor sobe
de patamar apenas com base no
tempo de trabalho na rede e
nos títulos (como certificados
de formação continuada).
A certificação profissional
faz parte de uma reestruturação da carreira de professores e
funcionários planejada pela secretaria de Educação. O governo pretende aprovar as mudanças ainda neste ano na Câmara
e implementá-las em 2008, ano
de eleições municipais.
Segundo o projeto, o exame
será anual e opcional nos primeiros cinco anos. Depois disso, passará a ser obrigatório.
"Hoje, os cursos são feitos
com base no que os técnicos
acham ser o necessário. Gastamos muito dinheiro, e as avaliações de desempenho dos alunos mostram que não está dando certo", disse à Folha o secretário Alexandre Schneider.
Segundo a pasta, o governo
destina anualmente R$ 15 milhões para essas atividades. Na
Prova Brasil (exame de estudantes do governo federal), São
Paulo ficou apenas como a 12ª
melhor capital do país.
O professor que participar da
certificação irá subir mais rápido na carreira, independentemente de seu desempenho na
prova. Hoje, em média, o profissional leva três anos para
mudar de patamar (são sete patamares). A cada ascensão, ele
recebe 6,5% de aumento.
O governo pretende aumentar a jornada mínima dos docentes, de 20 horas-aula semanais para 25 horas-aula. A medida visa ajustar a jornada docente com a do aluno, que fica
25 horas por semana na escola
-cinco horas por dia nas unidades com dois turnos diurnos.
Hoje, o "déficit" de uma hora
diária é preenchido por um segundo professor. Schneider admite que a ampliação da jornada, que será acompanhada de
aumento salarial, pode atrapalhar os professores que lecionam em duas ou três escolas
(oito mil dos 51 mil professores
têm a jornada mínima). "Mas a
mudança será opcional", disse.
Outra alteração será a fixação do quadro de profissionais
nas escolas. Atualmente, parte
deles se desloca segundo orientações das coordenadorias.
Secretário de Educação na
gestão Marta Suplicy (PT),
Fernando Almeida diz que as
medidas "são boas, pois melhoram a formação dos docentes e
dá mais estabilidade à escola".
Almeida diz, porém, que o resultado da avaliação também
deveria contar para a carreira
do professor. "Só a participação é pouco", disse ele, que é
docente da PUC-SP.
Já Silvia Gasparian Colello,
professora da Faculdade de
Educação da USP, afirma que
as medidas são "interessantes",
mas que o resultado dependerá
de como serão implementadas.
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