São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Prefeitura de São Paulo pretende criar "provão do professor"

Objetivo é detectar deficiências para direcionar cursos de aperfeiçoamento; avaliação, independentemente do desempenho, será usada na progressão da carreira

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A gestão do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), pretende implementar um exame de avaliação para os professores da rede a fim de detectar problemas e direcionar os cursos de aperfeiçoamento profissional. Além disso, o "provão do professor" será levado em conta para a evolução da carreira do docente e, conseqüentemente, nos aumentos salariais.
Atualmente, o professor sobe de patamar apenas com base no tempo de trabalho na rede e nos títulos (como certificados de formação continuada).
A certificação profissional faz parte de uma reestruturação da carreira de professores e funcionários planejada pela secretaria de Educação. O governo pretende aprovar as mudanças ainda neste ano na Câmara e implementá-las em 2008, ano de eleições municipais.
Segundo o projeto, o exame será anual e opcional nos primeiros cinco anos. Depois disso, passará a ser obrigatório.
"Hoje, os cursos são feitos com base no que os técnicos acham ser o necessário. Gastamos muito dinheiro, e as avaliações de desempenho dos alunos mostram que não está dando certo", disse à Folha o secretário Alexandre Schneider.
Segundo a pasta, o governo destina anualmente R$ 15 milhões para essas atividades. Na Prova Brasil (exame de estudantes do governo federal), São Paulo ficou apenas como a 12ª melhor capital do país.
O professor que participar da certificação irá subir mais rápido na carreira, independentemente de seu desempenho na prova. Hoje, em média, o profissional leva três anos para mudar de patamar (são sete patamares). A cada ascensão, ele recebe 6,5% de aumento.
O governo pretende aumentar a jornada mínima dos docentes, de 20 horas-aula semanais para 25 horas-aula. A medida visa ajustar a jornada docente com a do aluno, que fica 25 horas por semana na escola -cinco horas por dia nas unidades com dois turnos diurnos.
Hoje, o "déficit" de uma hora diária é preenchido por um segundo professor. Schneider admite que a ampliação da jornada, que será acompanhada de aumento salarial, pode atrapalhar os professores que lecionam em duas ou três escolas (oito mil dos 51 mil professores têm a jornada mínima). "Mas a mudança será opcional", disse.
Outra alteração será a fixação do quadro de profissionais nas escolas. Atualmente, parte deles se desloca segundo orientações das coordenadorias.
Secretário de Educação na gestão Marta Suplicy (PT), Fernando Almeida diz que as medidas "são boas, pois melhoram a formação dos docentes e dá mais estabilidade à escola".
Almeida diz, porém, que o resultado da avaliação também deveria contar para a carreira do professor. "Só a participação é pouco", disse ele, que é docente da PUC-SP.
Já Silvia Gasparian Colello, professora da Faculdade de Educação da USP, afirma que as medidas são "interessantes", mas que o resultado dependerá de como serão implementadas.


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