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Albergues viram cenário de baladas no Rio
Locais atraem estrangeiros e brasileiros que chegam à cidade para estudar, trabalhar ou simplesmente se divertir
Preço baixo e clima de amizade favorecem festas e romances, apesar das diferenças de cultura e de língua entre frequentadores
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
Sob o sol de 32C, em plena
terça-feira, dez pessoas disputam uma pelada na praia Vermelha, na Urca, bairro da zona
sul do Rio. De um lado, cinco
brasileiros -um goiano, dois
paranaenses, um gaúcho e um
paulista. Do outro, um sérvio,
um colombiano, um turco, um
argentino e um belga.
Em comum entre eles, além
da falta de habilidade, apenas o
albergue a três quadras da praia
onde, duas semanas antes, passaram a dividir o mesmo quarto
pagando R$ 35 ao dia -muito
menos do que pagariam em
qualquer hotel carioca.
Cada vez mais comuns no
Rio, os albergues (ou hostels,
nome "menos preconceituoso", diz um proprietário) reúnem brasileiros e estrangeiros
que chegam à cidade com os
mais diversos objetivos: a
maioria dos gringos vem passear, enquanto os brasileiros
chegam para estudar ou trabalhar. Entre um compromisso e
outro, apesar das diferenças de
cultura e de língua, sobra tempo para passeios, festas e romance, muito romance.
"Tive minha primeira experiência sexual internacional
com um irlandês jogador de
rúgbi que conheci no albergue.
Foi maravilhoso", conta a psicóloga Patrícia Fernandes, 27,
que desde janeiro trabalha no
Stone of a Beach, em Copacabana (zona sul). "No dia da viagem de volta, ele desistiu de
embarcar e acabou passando
mais uma semana comigo, hospedado na minha casa", diz.
"Os irlandeses são mais atirados. Já os ingleses são mais tímidos, precisam beber bastante antes de cantar uma menina", avalia Patrícia, que já fez
amigos pelo mundo inteiro.
A administradora Tatiane
Velar, 27, já foi gerente de um
albergue e hoje frequenta o
Clandestino, bar anexo ao Stone of a Beach. "Quase tudo o
que falo de inglês aprendi com
os gringos. Além disso, conheci
no albergue meu ex-namorado.
Ele é brasileiro, mas já foi duas
vezes à Suécia para visitar amigos que conheceu aqui", diz Tatiane. "Dos 510 amigos que tenho no Facebook, mais de 450
são gringos", conta ela.
Em meio a tanta descontração, tem gente que nem pensa
em ir embora. É o caso do inglês
Michael Mercer, hospedado
num albergue da zona sul. "Inglês não, eu ser carrioca", corrige logo, às gargalhadas, quando
alguém se dirige a ele invocando sua nacionalidade.
Até brasileiros resistem à
ideia de deixar os albergues cariocas. "Aqui é o melhor lugar
para pegar mulher", garante o
estudante Artur Rodrigues, 22.
"Umas chegam querendo passear, se divertir. Outras vêm para estudar e não conhecem a cidade nem têm amigos. Os dois
tipos querem fazer amizade e
dali a dar uns beijos é um pulo",
diz Rodrigues, que saiu de Petrópolis (região serrana do Rio)
para estudar e mora há dois
anos num albergue na zona sul
da cidade.
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