São Paulo, domingo, 06 de setembro de 2009

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Albergues viram cenário de baladas no Rio

Locais atraem estrangeiros e brasileiros que chegam à cidade para estudar, trabalhar ou simplesmente se divertir

Preço baixo e clima de amizade favorecem festas e romances, apesar das diferenças de cultura e de língua entre frequentadores

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

Sob o sol de 32C, em plena terça-feira, dez pessoas disputam uma pelada na praia Vermelha, na Urca, bairro da zona sul do Rio. De um lado, cinco brasileiros -um goiano, dois paranaenses, um gaúcho e um paulista. Do outro, um sérvio, um colombiano, um turco, um argentino e um belga.
Em comum entre eles, além da falta de habilidade, apenas o albergue a três quadras da praia onde, duas semanas antes, passaram a dividir o mesmo quarto pagando R$ 35 ao dia -muito menos do que pagariam em qualquer hotel carioca.
Cada vez mais comuns no Rio, os albergues (ou hostels, nome "menos preconceituoso", diz um proprietário) reúnem brasileiros e estrangeiros que chegam à cidade com os mais diversos objetivos: a maioria dos gringos vem passear, enquanto os brasileiros chegam para estudar ou trabalhar. Entre um compromisso e outro, apesar das diferenças de cultura e de língua, sobra tempo para passeios, festas e romance, muito romance.
"Tive minha primeira experiência sexual internacional com um irlandês jogador de rúgbi que conheci no albergue. Foi maravilhoso", conta a psicóloga Patrícia Fernandes, 27, que desde janeiro trabalha no Stone of a Beach, em Copacabana (zona sul). "No dia da viagem de volta, ele desistiu de embarcar e acabou passando mais uma semana comigo, hospedado na minha casa", diz.
"Os irlandeses são mais atirados. Já os ingleses são mais tímidos, precisam beber bastante antes de cantar uma menina", avalia Patrícia, que já fez amigos pelo mundo inteiro.
A administradora Tatiane Velar, 27, já foi gerente de um albergue e hoje frequenta o Clandestino, bar anexo ao Stone of a Beach. "Quase tudo o que falo de inglês aprendi com os gringos. Além disso, conheci no albergue meu ex-namorado. Ele é brasileiro, mas já foi duas vezes à Suécia para visitar amigos que conheceu aqui", diz Tatiane. "Dos 510 amigos que tenho no Facebook, mais de 450 são gringos", conta ela.
Em meio a tanta descontração, tem gente que nem pensa em ir embora. É o caso do inglês Michael Mercer, hospedado num albergue da zona sul. "Inglês não, eu ser carrioca", corrige logo, às gargalhadas, quando alguém se dirige a ele invocando sua nacionalidade.
Até brasileiros resistem à ideia de deixar os albergues cariocas. "Aqui é o melhor lugar para pegar mulher", garante o estudante Artur Rodrigues, 22. "Umas chegam querendo passear, se divertir. Outras vêm para estudar e não conhecem a cidade nem têm amigos. Os dois tipos querem fazer amizade e dali a dar uns beijos é um pulo", diz Rodrigues, que saiu de Petrópolis (região serrana do Rio) para estudar e mora há dois anos num albergue na zona sul da cidade.


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