São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2005

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PORTAL PAULISTANO

Torres erguidas na ponte das Bandeiras, em 1942, serão recuperadas pela iniciativa privada e ganharão café

Mirante do Tietê vai virar ponto turístico

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas torres malconservadas, quase abandonadas, passam despercebidas para a maioria dos paulistanos que cruzam apressados a ponte das Bandeiras, na zona norte. Do alto dos seus 50 metros, porém, uma vista generosa que vai do pico do Jaraguá, passa pelo prédio do Banespa e termina para os lados da via Dutra encanta quem lá consegue subir.
Construídos para serem o portal norte de São Paulo, em 1942, os dois mirantes da ponte serão restaurados pela iniciativa privada.
Dentro de um ano, as obras que reformarão as torres deverão estar prontas e o local será aberto à visitação. O trabalho deve começar em 20 dias, com a limpeza dos monumentos. O 2º passo será a iluminação cênica provisória.
Os mirantes reformados, que terão iluminação como a de um farol, não serão apenas local de contemplação. A idéia de Francisco Zorzete, dono da Companhia de Restauro, responsável pela obra, é transformar os espaços do subsolo e do térreo em áreas para a discussão de questões ligadas ao uso da água e criar uma infra-estrutura ao visitante com banheiros, cafés e acessos a deficientes.
Cada torre tem cerca de 250 m2 no subsolo, área hoje usada por uma equipe de zona azul da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). No alto de um dos mirantes também fica um posto de monitoramento do trânsito.
Adriano Duarte, 34, era o operador de plantão na tarde de ontem. Ele fica no posto de segunda a sexta, das 13h30 às 20h, e já se acostumou a subir a estreita escada pelo menos três vezes por dia. Com um binóculo em mãos, observa da sacada se ocorrem acidentes ou se algum carro quebra. "Se identifico problemas, comunico imediatamente a central, que manda alguém resolver o caso."
Há sete anos no mirante, ele já viu o rio transbordar várias vezes e congestionamentos recordes. Mas o que mais chamou sua atenção foi o aparecimento de uma capivara nas margens do Tietê. "Não sei como ela conseguiu sobreviver." Com a restauração, Adriano e toda a equipe da CET terão de deixar o local.
Após o trabalho de limpeza e iluminação, começam as obras de restauro, que incluem a ponte e as clarabóias do outro lado do rio. O projeto ainda não está concluído, mas o objetivo é deixar os monumentos como eram na época da inauguração, em estilo art déco, com a volta das bandeiras de São Paulo e do Brasil nos mastros.
As torres têm problemas de infiltração, com acúmulo de sujeira e ferragens expostas que podem afetar a estabilidade, além de descaracterização da pintura, dos pisos e vidros e de instalações elétricas e hidráulicas comprometidas.

Retorno financeiro
O custo total da reforma não está fechado. Para as primeiras fases (limpeza e iluminação), serão necessários R$ 580 mil. Os recursos são captados pela Companhia de Restauro e pelo Museu a Céu Aberto, que fecharam o termo de cooperação técnica com a Subprefeitura da Sé para a obra. Nesse tipo de acordo, a prefeitura não entra com verbas, apenas autoriza o restauro e fiscaliza o trabalho.
Com o término das obras, poderá repassar a exploração comercial do local para a iniciativa privada, mediante concessão.
Neste ano, 20 termos de cooperação já foram fechados na Subprefeitura da Sé, mas todos de recuperação ou manutenção de área verde. O projeto da ponte das Bandeiras é o primeiro de monumento público. "Queremos que a população possa freqüentar mais esse marco da cidade", diz o subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo.
A Companhia de Restauro e o Museu a Céu Aberto já conseguiram dois patrocinadores para a iluminação, a partir de novembro, e entraram com um processo no Ministério da Cultura para o uso da lei Rouanet (incentivos fiscais). A remuneração da empresa idealizadora do projeto também ficará por conta dos patrocinadores, que poderão exibir suas marcas no local. "A expectativa é dar início à restauração no começo de 2006 e entregar os monumentos no fim do ano", acredita Zorzete.


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