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PORTAL PAULISTANO
Torres erguidas na ponte das Bandeiras, em 1942, serão recuperadas pela iniciativa privada e ganharão café
Mirante do Tietê vai virar ponto turístico
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Duas torres malconservadas,
quase abandonadas, passam despercebidas para a maioria dos
paulistanos que cruzam apressados a ponte das Bandeiras, na zona norte. Do alto dos seus 50 metros, porém, uma vista generosa
que vai do pico do Jaraguá, passa
pelo prédio do Banespa e termina
para os lados da via Dutra encanta
quem lá consegue subir.
Construídos para serem o portal norte de São Paulo, em 1942, os
dois mirantes da ponte serão restaurados pela iniciativa privada.
Dentro de um ano, as obras que
reformarão as torres deverão estar prontas e o local será aberto à
visitação. O trabalho deve começar em 20 dias, com a limpeza dos
monumentos. O 2º passo será a
iluminação cênica provisória.
Os mirantes reformados, que
terão iluminação como a de um
farol, não serão apenas local de
contemplação. A idéia de Francisco Zorzete, dono da Companhia
de Restauro, responsável pela
obra, é transformar os espaços do
subsolo e do térreo em áreas para
a discussão de questões ligadas ao
uso da água e criar uma infra-estrutura ao visitante com banheiros, cafés e acessos a deficientes.
Cada torre tem cerca de 250 m2
no subsolo, área hoje usada por
uma equipe de zona azul da Companhia de Engenharia de Tráfego
(CET). No alto de um dos mirantes também fica um posto de monitoramento do trânsito.
Adriano Duarte, 34, era o operador de plantão na tarde de ontem.
Ele fica no posto de segunda a sexta, das 13h30 às 20h, e já se acostumou a subir a estreita escada pelo
menos três vezes por dia. Com
um binóculo em mãos, observa
da sacada se ocorrem acidentes
ou se algum carro quebra. "Se
identifico problemas, comunico
imediatamente a central, que
manda alguém resolver o caso."
Há sete anos no mirante, ele já
viu o rio transbordar várias vezes
e congestionamentos recordes.
Mas o que mais chamou sua atenção foi o aparecimento de uma capivara nas margens do Tietê.
"Não sei como ela conseguiu sobreviver." Com a restauração,
Adriano e toda a equipe da CET
terão de deixar o local.
Após o trabalho de limpeza e
iluminação, começam as obras de
restauro, que incluem a ponte e as
clarabóias do outro lado do rio. O
projeto ainda não está concluído,
mas o objetivo é deixar os monumentos como eram na época da
inauguração, em estilo art déco,
com a volta das bandeiras de São
Paulo e do Brasil nos mastros.
As torres têm problemas de infiltração, com acúmulo de sujeira
e ferragens expostas que podem
afetar a estabilidade, além de descaracterização da pintura, dos pisos e vidros e de instalações elétricas e hidráulicas comprometidas.
Retorno financeiro
O custo total da reforma não está fechado. Para as primeiras fases
(limpeza e iluminação), serão necessários R$ 580 mil. Os recursos
são captados pela Companhia de
Restauro e pelo Museu a Céu
Aberto, que fecharam o termo de
cooperação técnica com a Subprefeitura da Sé para a obra. Nesse
tipo de acordo, a prefeitura não
entra com verbas, apenas autoriza
o restauro e fiscaliza o trabalho.
Com o término das obras, poderá repassar a exploração comercial do local para a iniciativa privada, mediante concessão.
Neste ano, 20 termos de cooperação já foram fechados na Subprefeitura da Sé, mas todos de recuperação ou manutenção de
área verde. O projeto da ponte das
Bandeiras é o primeiro de monumento público. "Queremos que a
população possa freqüentar mais
esse marco da cidade", diz o subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo.
A Companhia de Restauro e o
Museu a Céu Aberto já conseguiram dois patrocinadores para a
iluminação, a partir de novembro, e entraram com um processo
no Ministério da Cultura para o
uso da lei Rouanet (incentivos fiscais). A remuneração da empresa
idealizadora do projeto também
ficará por conta dos patrocinadores, que poderão exibir suas marcas no local. "A expectativa é dar
início à restauração no começo de
2006 e entregar os monumentos
no fim do ano", acredita Zorzete.
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