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PORTAL PAULISTANO
Ex-telefonista não sobe no mirante pois tem medo de altura
Vani mora há 15 anos na torre com sua família
DA REPORTAGEM LOCAL
O cheiro do rio e o barulho dos
veículos que rodam pela marginal
Tietê não são motivos para Vani
Vilanova, de 59 anos, querer mudar da sua casa-mirante. Há 15
anos, ela vive com sua família em
uma das torres instaladas na ponte das Bandeiras, sobre o rio Tietê.
Foi nesse espaço que ela criou os
seus três filhos. Ex-telefonista,
não encontrou um lugar melhor
para morar. "A localização é ótima, perto do centro."
Sua vida será bastante afetada
com a restauração da ponte das
Bandeiras e a recuperação das
torres -ela terá de procurar uma
nova moradia. Principalmente
porque a ex-telefonista gosta de
seu espaço. No térreo do mirante,
Vani montou a sua casa de quarto-sala-cozinha. Ela afirma sentir
saudades dos tempos em que a
prefeitura ainda mantinha os serviços de água e iluminação. "Nem
o barulho na marginal me atrapalhava. A gente se acostuma com
ele e consegue dormir bem", conta a ex-telefonista.
"A situação só ficou ruim quando o [Celso] Pitta virou prefeito
[1997 a 2000]. Ele mandou cortar
a água e a luz daqui", afirma.
Atualmente, ela enche a caixa-d'água do mirante uma vez por
semana com um caminhão-pipa e
tem energia elétrica apenas porque puxou um "gato" do poste
que fica na rua.
Medo de altura
A vista da cidade obtida do mirante também não lhe atrai. Com
medo de altura e labirintite, ela
nunca se aventurou a subir na torre. "Se eu for, não volto mais.
Nem tenho curiosidade de ver a
vista." Seus filhos, lembra, é que
costumavam ir para cima quando
eram garotos.
"Fiquei sabendo da reforma e
nem sei o que vai acontecer comigo agora", afirma ela. "Vou ter de
achar outro lugar para morar,
mas não tenho dinheiro. Além de
tudo, gosto daqui."
Ela nem tinha idéia de que o mirante é uma das obras-primas do
então prefeito Prestes Maia (1938-1945), construída para substituir a
ponte metálica que passava sobre
o rio Tietê e que se chamava ponte
Grande. Atualmente a estrutura
conecta dois lados da capital e integra o chamado corredor norte-sul, que inclui a avenida cujo nome homenageia o ex-prefeito.
Dentro da obra-prima de Prestes Maia, Vani conta que gosta de
arte. "Acho bonito ver uma escultura, um quadro, mas não entendo nada disso." Em sua casa-mirante, quebra-cabeças reproduzindo pinturas famosas, como a
da Santa Ceia, enfeitam as paredes. "São os meus filhos que montam", explica.
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