São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2005

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SEGURANÇA

Thomaz Bastos trata parlamentares a favor da manutenção do comércio legal de armas como grupo ""da bala"

Ministro da Justiça ataca frente do "não"

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Durante apresentação sobre segurança pública a integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, ontem, no Palácio do Planalto, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) atacou a frente parlamentar que defende a manutenção do comércio legal de armas no país. Ele se referiu aos defensores do "não" no referendo do próximo dia 23 como a "frente da bala".
"Esse argumento que está sendo usado pela frente da bala de que vamos deixar os bandidos com as armas, não é isso. O desarmamento não pretende tirar as armas dos bandidos, e sim do homicídio acidental", afirmou.
Após o evento, em rápida entrevista, ele voltou a tratar do desarmamento e do referendo. Primeiro, foi questionado se considera equivocados os argumentos usados pelos defensores do ""não".
"Eu acho. Sou a favor do desarmamento, então todos os argumentos contra eu acho que são equivocados, embora eu os respeite. As pessoas, numa democracia, têm que cultivar a tolerância."
Apesar das críticas à "frente da bala", o ministro disse que o processo de discussão pública do tema é importante para o fortalecimento da democracia do país. E disse que o referendo pode amadurecer a cultura da população.
"São duas posições. Acho que esse é um exemplo profundamente importante de democracia direta. É a primeira vez que se usa no Brasil esse mecanismo [referendo], que está na Constituição de 1988, que é o povo aprovar ou não aprovar uma lei que foi votada pelo Congresso. Acho que isso pode criar uma cultura de participação maior da cidadania."
Ao final, Thomaz Bastos foi indagado sobre a participação editorial da mídia em relação ao referendo. Na questão, foi provocado sobre a capa da última edição da revista "Veja", que apresentou "sete razões para votar não".
"Eu acho que [a imprensa] está atuando muito bem. É a questão da divergência dos pontos de vista. Eu realmente fiz um texto, fizemos um texto no ministério, mostrando oito razões para que se deva votar sim, pela proibição, mas acho que a mídia tem um papel fundamental."
Consultado pela Folha, o TSE disse que a frente parlamentar Pela Legítima Defesa, que prega o "não", poderia pedir uma liminar na Corte, mas o resultado dependeria da avaliação dos ministros.
Segundo o advogado e ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Fernando Neves, o ministro tem direito a dar sua opinião pessoal. "Estão confundindo referendo com eleição", disse.


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