|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A SURRA
Guardas teriam batido com galho de árvore
Garoto diz ter apanhado na USP
FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local
Companheiro de ataque de Daniel nas peladas de rua, Rodrigo
Araújo Pereira, 14, disse ter apanhado com um galho de árvore
no domingo, quando foi flagrado nadando na raia olímpica.
Ainda com um hematoma roxo
no ombro direito provocado, segundo ele, pelas agressões cometidas pelos dois seguranças da
USP, ele disse que esse não é o
primeiro caso de agressão cometido por seguranças da USP.
"Tem um amigo meu, o Alexandre, que já tomou três chutes na
cabeça." A Folha não localizou
Alexandre na tarde de ontem.
Ainda triste pela perda do amigo e preocupado com a falta de
um companheiro no ataque do
time (o sonho de Daniel era ser
jogador profissional de futebol),
Rodrigo Araújo Pereira contou à
Folha que foi intimidado pelos
seguranças.
Segundo Rodrigo, depois de
baterem, os guardas ameaçaram
os meninos.
Leia a seguir trechos da entrevista.
Folha - Como foi a abordagem
dos seguranças da USP?
Rodrigo Araújo Pereira - Estávamos nadando na raia e chegaram dois guardinhas de moto.
Mandaram a gente (dez garotos)
sair da água e já começaram a bater com galhos de árvore.
Folha - E o que aconteceu com
o Daniel?
Rodrigo - Ele estava nadando
no meio da raia e, quando chegaram os guardas, demorou mais
para voltar à margem. Nós saímos correndo e conseguimos
pegar os tênis e o calção dele. Um
dos guardas foi atrás dele.
Folha - Vocês tentaram ajudar?
Rodrigo - Não deu, porque o
outro cara saiu correndo com
um galho de árvore enorme em
cima da gente, dando porrada
em todo mundo. Enquanto a
gente pulava a grade da USP, o
guardinha continuava batendo,
gritando e xingando.
Folha - O que ele dizia?
Rodrigo - Um deles dizia que,
se a gente continuasse chorando,
ele ia bater mais. O outro, que
perseguiu o Daniel, só falou que,
se a gente voltasse para a raia ou
contasse para alguém o que
aconteceu, iria bater com um fio
de luz, aquele bem grosso que
transmite eletricidade. Eles também falavam que tinham autorização para bater na gente.
Folha - Essa foi a primeira vez
que vocês apanharam dentro da
USP?
Rodrigo - Eu já tinha entrado
outras vezes para nadar, mas
nunca apanhei. Mas um amigo,
chamado Alexandre, tomou três
chutes na cabeça de um guardinha. Comigo, eles só gritavam e
mandavam ir embora, na moral.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|