São Paulo, quinta, 6 de novembro de 1997.



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A SURRA
Guardas teriam batido com galho de árvore
Garoto diz ter apanhado na USP

FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local

Companheiro de ataque de Daniel nas peladas de rua, Rodrigo Araújo Pereira, 14, disse ter apanhado com um galho de árvore no domingo, quando foi flagrado nadando na raia olímpica.
Ainda com um hematoma roxo no ombro direito provocado, segundo ele, pelas agressões cometidas pelos dois seguranças da USP, ele disse que esse não é o primeiro caso de agressão cometido por seguranças da USP. "Tem um amigo meu, o Alexandre, que já tomou três chutes na cabeça." A Folha não localizou Alexandre na tarde de ontem.
Ainda triste pela perda do amigo e preocupado com a falta de um companheiro no ataque do time (o sonho de Daniel era ser jogador profissional de futebol), Rodrigo Araújo Pereira contou à Folha que foi intimidado pelos seguranças.
Segundo Rodrigo, depois de baterem, os guardas ameaçaram os meninos.
Leia a seguir trechos da entrevista.

Folha - Como foi a abordagem dos seguranças da USP?
Rodrigo Araújo Pereira -
Estávamos nadando na raia e chegaram dois guardinhas de moto. Mandaram a gente (dez garotos) sair da água e já começaram a bater com galhos de árvore.
Folha - E o que aconteceu com o Daniel?
Rodrigo -
Ele estava nadando no meio da raia e, quando chegaram os guardas, demorou mais para voltar à margem. Nós saímos correndo e conseguimos pegar os tênis e o calção dele. Um dos guardas foi atrás dele.
Folha - Vocês tentaram ajudar?
Rodrigo -
Não deu, porque o outro cara saiu correndo com um galho de árvore enorme em cima da gente, dando porrada em todo mundo. Enquanto a gente pulava a grade da USP, o guardinha continuava batendo, gritando e xingando.
Folha - O que ele dizia?
Rodrigo -
Um deles dizia que, se a gente continuasse chorando, ele ia bater mais. O outro, que perseguiu o Daniel, só falou que, se a gente voltasse para a raia ou contasse para alguém o que aconteceu, iria bater com um fio de luz, aquele bem grosso que transmite eletricidade. Eles também falavam que tinham autorização para bater na gente.
Folha - Essa foi a primeira vez que vocês apanharam dentro da USP?
Rodrigo -
Eu já tinha entrado outras vezes para nadar, mas nunca apanhei. Mas um amigo, chamado Alexandre, tomou três chutes na cabeça de um guardinha. Comigo, eles só gritavam e mandavam ir embora, na moral.



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