São Paulo, quinta, 6 de novembro de 1997.



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ADMINISTRAÇÃO
Três pedidos de comissão de inquérito são protocolados para apurar ligação de vereadores com fiscais corruptos
CPI deve investigar corrupção na Câmara

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
RENATO KRAUSZ
da Reportagem Local

Três pedidos de abertura de CPI foram protocolados ontem na Câmara Municipal para apurar as denúncias de envolvimento de vereadores em esquema de corrupção nas administrações regionais.
As denúncias de irregularidades, publicadas ontem pela "Folha da Tarde" e pela Folha envolvem assessores de vereadores.
Assessores de Nelo Rodolfo, Vicente Viscome e Hanna Garib, todos do PPB, teriam conhecimento do esquema de corrupção e participação na cobrança de propina de fiscais das regionais.
O primeiro pedido para abertura da CPI foi protocolado na parte da manhã pelo próprio Rodolfo, que é presidente da Câmara.
Os outros pedidos foram das bancadas do PT e do PSDB.
Para vereadores da oposição, o fato de Rodolfo ter protocolado seu pedido primeiro significa uma estratégia para ficar com a presidência da comissão.
"O presidente de uma comissão, se quiser, pode dificultar os trabalhos", afirmou a vereadora Ana Maria Quadros (PSDB).
"Vamos ver se conseguimos ficar pelo menos com a relatoria", disse José Eduardo Cardozo (PT).
Segundo o regimento interno da Câmara, quando há mais de um pedido para a mesma CPI, o que vale é o primeiro.
Tradicionalmente, quem assina o pedido fica com a presidência. Assim, mesmo que Rodolfo abra mão de comandar a comissão, pelo fato de seu nome estar envolvido nas acusações, ela seria presidida por alguém de sua bancada.
Os três vereadores citados não deram entrevistas. A assessoria de imprensa da Câmara apenas divulgou uma nota oficial na qual repudia as informações publicadas pelos jornais (leia abaixo).
A bancada do PPB está dividida em relação à abertura da CPI. O vereador Bruno Feder, por exemplo, disse, em seu discurso, que a reportagem é "equivocada" e, portanto, não deveria ser motivo para se criar uma comissão.
Apesar dos três pedidos para a abertura da CPI, não está garantida a sua aprovação. Para ser aceito, um pedido precisa ter 19 assinaturas. Mas, para a comissão ser instaurada, precisa ser aprovada por maioria simples (28 votos).
Cardozo lembra que a CPI para apurar denúncias de superfaturamento na compra de frangos teve 33 assinaturas e não foi aprovada.
O vereador Arselino Tatto (PT), em seu discurso, pediu rigorosa apuração das informações e imediata exoneração do secretário das Administrações Regionais, Alfredo Savelli.
As discussões sobre as denúncias ocuparam toda a sessão de ontem, que iniciou às 15h e terminou às 16h50. A pauta do dia acabou não sendo votada.



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